domingo, 23 de janeiro de 2011

O MOVIMENTO VINTISTA E AS IDEIAS LIBERAIS NO PARÁ


Na realidade, além da espoliação a que estava submetida à população nativa, as idéias liberais que surgiram na Europa não deixaram de influenciar esse período conturbado da nossa historia. É notável o comportamento de Felipe Patroni, que já em janeiro de 1821 articulava com civis e militares um pronunciamento da Amazônia em favor do movimento constitucionalista iniciado na revolução do porto, em Portugal (1820). Patroni, estudante paraense da universidade de Coimbra, tornou-se entusiasta do movimento que tentava constitucionalizar Portugal, e imaginava que podia transplantar essas idéias para a sua pátria. Tanto que, ao chegar a Belém, influenciou-se com as idéias liberais do padre Luis Zagalo que desde 1816 vivia na vila de Cametá. Em 22 de maio de 1822, fundou o jornal, “O paraense”, pelo qual abriu luta em favor do movimento constitucionalista e ao mesmo tempo visando à autonomia do Brasil. Mas o processo de desacato ao rei e a defesa da constitucionalização em favor também da Província do Pará interrompeu suas atividades autonomista. Foi preso e enviado para Lisboa.

Em abril desse mesmo ano chega a Belém o novo comandante das armas, brigadeiro José Maria de Moura, absolutista intransigente e fiel soldado do reino que ano titubeou em se sobrepor à junta e governar a província em função dos interesses das famílias de sua terra, Portugal. Sentindo que a atuação de Batista Campos (através de “O paraense”, cuja direção tinha assumido em substituição a Felipe Patroni, imprimindo manifestos políticos na oficina do jornal), predispunha a população ao movimento separatista, o brigadeiro assaltou as oficinas do jornal, mandou agredir o cônego Batista Campos e buscou todos os meios para silenciar a propaganda que julgava subversiva.

A 17 de janeiro de 1823, ao se realizarem as eleições para a Câmara de Belém, nenhuma pessoa ligada ao Reino Português e as autoridades locais foi escolhida. Diante dessa radical manifestação de oposição política, a guarnição militar dissolveu a Câmara passando a direção da província ás mãos do vigário geral Dom Romualdo de Seixas. E “O Paraense” foi confiscado e em seu lugar passou a ser editado o jornal “O Luso Paraense”, que externava a posição das autoridades coloniais.

Mesmo assim, o movimento pela independência não recuou e a 14 de abril de 1823 grandes contingentes civis e militares, sob o comando do capitão Boaventura da Silva, tentaram em Belém a proclamação da Adesão à independência. Foram derrotados. Em 23 de maio, os fugitivos, em muaná, no Marajó, tentaram novamente outro movimento no mesmo sentido que foi logo abafado. Em conseqüência, os portugueses, alarmados, constituíram uma junta de justiça e condenaram todos os rebeldes a morte. Punição essa que, por interferência de Dom Romualdo Antonio de Seixas. Foi comutada para deportação dos presos para Portugal.

O jornal “O Paraense”, criado por Felipe Patroni, Domingos Simões, refletiu todas as contradições daquela época, e logo se tornou arauto de idéias liberais, sendo considerado então muito perigoso para todas as autoridades conservadoras. A influencia do movimento Vintista que Patroni trouxera de Lisboa se refletiu em artigos apaixonados em defesa da liberdade de imprensa e das liberdades individuais. Mas deve ter sido a denuncia do parasitismo militar, da violência e do arbítrio do governo local a causa de seu fechamento.

4 comentários:

  1. Desses ideais de liberdade, e contra, os abusos das autoridades portuguesas da época, é que veio o unico movimentos nativista da Região Norte e do Brasil, onde, a população pobres, assumiu de fato o poder de toda uma província: a cabanagem.

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  2. É muito importante sabermos dessas histórias

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  3. Isso é importante de se saber


















    Pinto









































    Buceta

















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