segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A HISTÓRIA DA CORRUPÇÃO


O Brasil não é um país intrinsecamente corrupto.
Não existe nos genes brasileiros nada que
nos predisponha à corrupção, algo herdado,
por exemplo, de desterrados portugueses.
A Austrália que foi colônia penal do império britânico, não possui índices de corrupção superiores aos de outras nações, pelo contrário. Nós brasileiros não somos nem mais nem menos corruptos que os 
japoneses, que a cada par de anos têm um ministro que renuncia diante de denúncias de corrupção.
Somos, sim, um país onde a corrupção, pública e privada, é detectada somente quando chega a milhões de dólares e porque um irmão, um genro, um jornalista ou alguém botou a boca no trombone, não por um processo sistemático de auditoria. As nações com menor índice de corrupção são as que têm o maior número de auditores e fiscais formados e treinados. A Dinamarca e a Holanda possuem 100 auditores por 100.000 habitantes. Nos países efetivamente auditados, a corrupção é detectada no nascedouro ou quando ainda é pequena. O Brasil, país com um dos mais elevados índices de corrupção, segundo o World Economic Forum, tem somente oito auditores por 100.000 habitantes, 12.800 auditores no total. Se quisermos os mesmos níveis de lisura da Dinamarca e da Holanda precisaremos formar e treinar 160.000 auditores.
Simples. Uma das maiores universidades do Brasil possui hoje 62 professores de Economia, mas só um de auditoria. Um único professor para formar os milhares de fiscais, auditores internos, auditores externos, conselheiros de tribunais de contas, fiscais do Banco Central, fiscais da CVM e analistas de controles internos que o Brasil precisa para combater a corrupção.
A principal função do auditor inclusive nem é a de fiscalizar depois do fato consumado, mas a de criar controles internos para que a fraude e a corrupção não possam sequer ser praticadas. Durante os anos de ditadura, quando a liberdade de imprensa e a auditoria não eram prioridade, as verbas da educação foram redirecionadas para outros cursos. Como consequência, aqui temos doze economistas formados para cada auditor, enquanto nos Estados Unidos existem doze auditores para cada economista formado. Para eliminar a corrupção teremos de redirecionar rapidamente as verbas de volta ao seu devido destino, para que sejamos uma nação que não precise depender de dedos duros ou genros que botam a boca no trombone, e sim de profissionais competentes com uma ética profissional elaborada.
Países avançados colocam seus auditores num pedestal de respeitabilidade e de reconhecimento público que garante a sua honestidade. Na Inglaterra, instituíram o Chartered Accountant. Nos Estados Unidos eles têm o Certified Public Accountant. Uma mãe inglesa e americana sonha com um filho médico, advogado ou contador público. No Brasil, o contador público foi substituído pelo engenheiro.
Bons salários e valorização social são os requisitos básicos para todo sistema funcionar, mas no Brasil estamos pagando e falando mal de nossos fiscais e auditores existentes e nem ao menos treinamos nossos futuros auditores. Nos últimos nove anos, os salários de nossos auditores públicos e fiscais têm sido congelados e seus quadros, reduzidos - uma das razões do crescimento da corrupção. Como o custo da auditoria é muito grande para ser pago pelo cidadão individualmente, essa é uma das poucas funções próprias do estado moderno. Tanto a auditoria como a fiscalização, que vai dos alimentos e segurança de aviões até os direitos do consumidor e os direitos autorais.
O capitalismo remunera quem trabalha e ganha, mas não consegue remunerar quem impede o outro de ganhar roubando. Há quem diga que não é papel do Estado produzir petróleo, mas ninguém discute que é sua função fiscalizar e punir quem mistura água ao álcool. Não serão intervenções cirúrgicas (leia-se CPIs), nem remédios potentes (leia-se códigos de ética), que irão resolver o problema da corrupção no Brasil. Precisamos da vigilância de um poderoso sistema imunológico que combata a infecção no nascedouro, como acontece nos países considerados honestos e auditados. Portanto, o Brasil não é um país corrupto. É apenas um país pouco auditado.
Publicado na Revista Veja, edição 1600, ano 32, nº 22, de 2 de junho de 1999, página 21

terça-feira, 12 de julho de 2011

A HISTÓRIA DA ÁFRICA NOS LIVROS DIDÁTICOS

Em um debate realizado na Universidade alguem questionou por que os negros nao se aceitam como tal. afirmava ainda essa pessoa que isso seria inclusive um ato de racismo, ela afirmar "eles sao os primeiros a terem preconceitos com o grupo social deles". A questão ai é macro. nao sed deve pensar que concepções micros explicam tal afirmação. entender todo o processo de construção social, que permeia o imagináio coletivo, nao é uma tarefa muito fácil.
todos sabemos que a Educação é um dos pilares da construção da identidade de um povo. nossa educação sempre foi elitista e dominadora, nesse contexto a História também corrobora essa acertiva. o ensino da história esteve durante séculos centrada em um eurocentrismo. sendo o velho continente o irradiador de cultura e civilização para o mundo. os povos da Africa e Ásia, foram relegados a selvagens que mereciam ser dominados. nosso ensino de história acabou reproduzindo esse modelo dominante, de sofrimento dos escravos, enfatizamos inclusive as dores provocadas pelos castigos fisicos: o Bacalhau (chicote de couro cru retorcido), mutilações e várias outras formas de se provocar dor no escravo para forçá-lo ao trabalho.
ensinando dessa forma é de se esperar que ninguem tenha orgulho de se apresentar como afro descendente. é preciso resgatar os heróis, os bons exemplo, ressaltar a importancia desse grupo social para a formação desse imenso pais. contribuição essa que está no nosso cotidiano. nas nossas relações sociais, e que hoje sao orgulho para todos nós

segunda-feira, 25 de abril de 2011

HISTORIA DE SANTAREM



HISTORIA DE SANTAREM

A história de Santarém começa com a primeira notícia que se tem do contato do homem "civilizado" e os índios Tupaiús ou Tapajós. Nurandaluguaburabara seria, talvez, o chefe dos Tupaiús, citado pelo monge dominicano Frei Gaspar de Carvajal que fazia parte da expedição de Francisco Orellana pela região, em 1542.
Em 1626, dá-se a chegada dos novos habitantes na região, na maioria portugueses. O Começo da povoação de Santarém foi marcado pela luta de terras entre índios e brancos.
Santarém foi fundada pelo Pe. João Felipe Bettendorff, em 22 de junho de 1661, recebendo o nome em homenagem à cidade Portuguesa de Santarém. Logo ao chegar, o fundador construiu, de taipa, a primeira capela de Nossa Senhora da Conceição. Trinta e seis anos mais tarde, em 1697, ocorreu a inauguração da Fortaleza do Tapajós, numa colina próxima ao Rio Tapajós, para melhor proteção dos ataques de estrangeiros.
A Aldeia dos Tapajós, como era chamada, foi elevada à categoria de vila, em 14 de março de 1758, por Francisco Xavier de Mendonça Furtado, o então governador da Província do Grão Pará, recebendo o nome de Santarém. Foi elevada à categoria de cidade, em 24 de outubro de 1848, em consequência de seu notável desenvolvimento.
[editar] Cronologia1542 - Primeira referência escrita de que se tem notícia com relação ao contato de brancos civilizados com os índios Tupaius ou Tapajós, onde se relata que Francisco Orellana saqueou as plantações de roça e milho desses índios.
1626 - Pedro Teixeira - Capitão Português - Chega à taba dos Tupaius com o objetivo de comprar silvícolas prisioneiros de guerra de outras tribos, para depois escravizá-los. No entanto, os Tupaius não aceitavam esse tipo de negócio, cabendo ao Capitão adquirir esteiras e outras curiosidades, além de manter um ótimo relacionamento com os índios.
1639 - Bento Maciel - Sargento-mor da Capitania do Cabo Norte - investe de surpresa sobre a aldeia dos Tapajós, com fúria implacável, dizimando grande número de índios.
1659 - Padre Antônio Vieira - Primeiro Jesuíta que veio expressamente ao Tapajós.

1661 - 22 de junho: Padre João Felipe Bettendorf instala missão na aldeia dos Tapajós, dando origem à cidade de Santarém.

1697 - Inauguração da Forte dos Tapajós.

1757 - Extinção das Missões Religiosas.

1758 - Aldeia dos Tapajós é elevada à categoria de Vila pelo Capitão-general Francisco Xavier de Mendonça Furtado (governador da Província do Grão-Pará), recebendo o nome de Santarém, em homenagem à cidade de Santarém em Portugal.

1761 - Um século após a construção da primeira capelinha de Nossa Senhora da Conceição, é iniciada a edificação da nova igreja mais a leste.

1819 - Visitam a Vila de Santarém os cientistas europeus Carlos Frederico Von Martius e Johann Baptist Von Spix.

1828 - O Legislativo passa a denominar-se Câmara Municipal, através de Lei Imperial.

1829 - 1 de junho: Instalação da primeira Câmara Municipal.

1835 - Início da Cabanagem - movimento revolucionário popular, cujo nome deriva do fato de que a grande maioria dos revolucionários era de origem humilde, habitantes de barracas ou cabanas.

1848 - 24 de outubro: A Vila de Santarém, pela Lei nº 145, é elevada à categoria de Cidade.

1853 - Início da construção da antiga Prefeitura Municipal.

1853 - Outubro: Circula em Santarém o primeiro jornal da cidade com o nome de Amazoniense.

1867 - 17 de setembro: Chegada a Santarém dos primeiros confederados norte-americanos para instalar colônia.

1888 - 13 de maio: Santarém antecipa-se à Lei Áurea extinguindo a escravatura.

1896 - 28 de junho: Inauguração do Teatro Vitória.

1900 - 3 de maio: Inauguração do Grupo Escolar de Santarém (atual Frei Ambrósio). É a mais antiga escola em funcionamento na cidade de Santarém.

1903 - 21 de setembro: Criação da Prelazia de Santarém, através do decreto "Romani Pontifices" do Papa Pio X.

1904 - 29 de setembro: Instalação solene da Prelazia de Santarém e posse do primeiro prelado Monsenhor Frederico Benício de Sousa Costa.

1907 - 3 de agosto: Chegada a Santarém dos primeiros franciscanos chefiados por Frei Amando Bahlmann.

1908 - A Prelazia de Santarém é oficialmente confiada aos franciscanos, sendo Frei Amando Bahlmann nomeado Prelado.

1910 - Fundação da Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição por Dom Amando Bahlmann e Madre Maria Imaculada.

1915 - 31 de maio: Inauguração do novo convento e orfanato de Nossa Senhora de Lourdes (atual Colégio Santa Clara).

1918 - Criação e funcionamento da Escola São Francisco por Frei Ambrósio Philipsenburg.

1919 - 29 de novembro: Realização do primeiro Círio de Nossa Senhora da Conceição em Santarém.

1928 - Chegada a Santarém de navios trazendo homens e máquinas enviados por Henry Ford para a implantação da Companhia Ford Industrial do Brasil. Fordlândia (município de Itaituba) e depois Belterra (município de Santarém) foram os locais escolhidos pelos técnicos de Ford para o cultivo em grande escala da seringueira.

1940 - 2 de julho: Inauguração do primeiro estabelecimento bancário em Santarém, sub-agência do Banco do Brasil S/A.

1942 - Criação do Serviço Especial de Saúde Pública (SESP) através de acordo firmado entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos da América do norte. Mais tarde, já sob a tutela exclusiva do governo brasileiro foi transformado em Fundação.

1943 - 14 de março: Inauguração do Ginásio Dom Amando.

1943 - 25 de junho: Chegada a Santarém dos quatro primeiros sacerdotes franciscanos da Província do Sagrado Coração de Jesus, dos Estados Unidos da América do Norte.

1948 - 16 de março: Instalação da Escola Técnica de Comércio do Baixo Amazonas Rodrigues dos Santos.

1948 - 15 de outubro: Criação do Instituto Batista de Santarém.

1948 - 24 de outubro: Inauguração da Rádio Clube de Santarém.

1954 - 24 de outubro: Inauguração do Serviço Telefônico de Santarém, com duzentos aparelhos automáticos, instalados pela Empresa Telefônica de Santarém Ltda.

1960 - Instalação do Ginásio Normal São Raimundo Nonato, dirigido pelas Irmãs Adoradoras do Sangue de Cristo.

1962 - 1 de maio: Realização da solenidade de lançamento da pedra fundamental para a construção da primeira escola pública a nível secundário Colégio Estadual Prof. Álvaro Adolfo da Silveira.

1964 - 5 de julho: Inauguração da Rádio Emissora de Educação Rural de Santarém Ltda.

1969 - 12 de setembro: Inclusão de Santarém na Área de Segurança Nacional, através do Decreto Lei nº 866. A partir desse momento, o santareno não mais poderia escolher o seu prefeito, que passaria a ser nomeado pelo Presidente da República.

1970 - 14 de julho: Criação da Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM), através do Decreto nº 7.125. A instalação oficial deu-se a 24 de julho.

1970 - 24 de agosto: Chegada a Santarém do Destacamento Precursor do recém-criado 8º Batalhão de Engenharia de Construção, do Exército Brasileiro, objetivando a implantação da rodovia Santarém-Cuiabá.

1970 - 12 a 19 de dezembro: Realização do 1º Festival de Música Popular do Baixo Amazonas.

1971 - 14 de outubro: Implantação do Campus Avançado da Universidade Federal de Santa Catarina em Santarém.

1974 - 11 de fevereiro: Inauguração do Cais do Porto de Santarém pelo Presidente da República General Emílio Garrastazu Médici.

1977 - 19 de agosto: Inauguração da Hidrelétrica de Curuá-Una, primeira hidrelétrica construída na Amazônia.

1979 - 26 de maio: Inauguração da TV Tapajós, pioneira em Santarém.

1980 - 6 de dezembro: Inauguração da estação rastreadora de Santarém pela Empresa Brasileira de Telecomunicações (EMBRATEL), possibilitando assim o funcionamento de canais de telefonia, telex e a captação de transmissões de televisão.

1981 - 12 de julho: Inauguração do Anfiteatro Joaquim Toscano na praça Barão de Santarém.

1984 - Implanta-se em Santarém a primeira empresa de informática, a SANDATA - Comércio e Implantação de Microcomputadores Ltda

1985 - Criação em Santarém da primeira instituição de ensino de 3º grau do interior do Pará, o Instituto Santareno de Ensino Superior (ISES).

1985 - 15 de novembro: Eleição direta para prefeito, conforme decisão do Congresso Nacional, para municípios de área de segurança nacional.

1987 - 11 de março: Reinauguração da Casa de Cultura de Santarém, que por Decreto do Governador Jáder Barbalho passou a chamar-se Casa de Cultura Historiador João Santos.

1987 - 11 de março: Inauguração da primeira etapa do Estádio Jáder Barbalho.

1990 - Instalação em Santarém da Universidade Luterana do Brasil.

1991 - 22 de junho: Inauguração do novo prédio da Prefeitura Municipal Palácio Senador Jarbas Gonçalves Passarinho.

1993 - 20 de agosto: Implantação do Polo Santarém da Fundação Carlos Gomes pela professora Maria da Glória Boulhosa Caputo.

1993 - o Instituto Santareno de Ensino Superior (ISES) se torna as Faculdade Integradas do Tapajós(FIT), com sus sede própria, saindo do espaço que pertençe a escola São Francisco de Assis, que funcionava até então

1994 - 10 de agosto: Instalação da Escola de Música Maestro Wilson Fonseca, nas dependências da Casa de Cultura.

1995 - 15 de setembro: Posse do maestro Wilson Fonseca em Belém na Academia Paraense de Letras.

1995 - 8 de dezembro: Criação da 1a. Caminhada de Fé com Maria, por Pe. Auricélio Paulino. Mojuí dos Campos a Santarém - 37 Kms - Nossa senhora da Conceição.

2001 – Inauguração da Orla de Santarém e do Instituto Esperança de Ensino Superior – IESPES.

2002 – Falecimento do Maestro Wilson Dias da Fonseca (Isoca).

2003 – Inauguração da Cargill em Santarém.

2007 - Chegada do novo Bispo de Santarém, Dom Esmeraldo.

2009 - Criação da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). A primeira universidade pública com sede no interior do estado.

2010 - 25 de agosto: Inauguração do Paraíso Shopping Center, o primeiro shopping da cidade.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

III ENCONTRO DE NOVOS PESQUISADORES EM HISTÓRIA

03 A 06 DE MAIO DE 2011
LOCAL: BAHIA


nformamos que as inscrições para o III Encontro de Novos Pesquisadores em História foram prorrogadas até o dia 28 de fevereiro de 2011. Serão aceitas as propostas de comunicação e mini-curso até 23:59h deste dia.
Atenciosamente,
Comissão Organizadora

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A ESCRAVIDAO NEGRA NA AMAZONIA

 A Amazônia e a Escravidão: uma introdução. 
 A inserção de escravos negros  na Amazônia se intensificou a partir da criação, em 1755, da Companhia Geral de Comércio do GrãoPará e Maranhão, durante o período pombalino. Pretenderia-se entre 
estas determinações ao estímulo da  produção agrícola, dando início a substituição do braço do indígena, pelo do negro, nos trabalhos da lavoura. 
No Pará e no Maranhão os negros foram destinados sobretudo para os canaviais e as lavouras de arroz e algodão. O cultivo da cana-de-açúcar foi uma das primeiras atividades econômicas dos europeus na Amazônia. 
 Há indícios de que os holandeses, antes dos portugueses, tenham cultivado cana e instalado pequenos engenhos nas proximidades da foz do Amazonas. Francisco Caldeira de Castelo Branco, o fundador da cidade de Belém (1616), foi o pioneiro no latifúndio açucareiro do Pará, onde a conquista européia iniciou-se por conseguinte, sob interesse imediato desta cultura. Embora incipiente, a lavoura da canade-açúcar prosperou nas cercanias de Belém e espalhou-se com maior intensidade, pelas margens dos rios Guamá, Capim, Acará, Mojú e Igarapé Miri. 
 Próximos uns dos outros, esses rios integram uma zona bem distinta de acesso relativamente fácil. A cultura da cana-de-açúcar aí se enraizou e adquiriu importância econômica. Aí, portanto, se instalaram engenhos, com numerosa escravaria, e se estabeleceu um regime social típico. 
 Nessa região se localizaria a maior concentração de escravos na Amazônia. O contingente africano não foi tão numeroso, como no Maranhão, mas a história da escravatura africana no Pará se escreveu com os mesmos processos, determinando, como em toda parte, as mesmas reações do escravo. A mais freqüente, a busca da liberdade pela fuga e posterior agrupamento nos quilombos.  A lavoura canavieira ocupou uma área bem mais extensa do que a atual. Estendeu-se praticamente em redor da área marajoara, ocupando inclusive certa área da ilha de Marajó. Subiu também a calha do Tocantins. Em Cametá, por exemplo, em 1752, dentro da vila de sítios da redondeza, somavam-se 129 proprietários agrícolas, cujo pessoal trabalhava especialmente na lavoura  da cana, cacau e nos roçados de espécies alimentícias, revelava o ofício de 12 de novembro daquele ano, da Câmara local a Francisco Xavier de Mendonça Furtado. 
Culturicidade e escravidão  –  entre relações sociais e produtivas, não se pode considerar desprezível  a contribuição cultural africana na Amazônia. Essa contribuição se  manifesta nos folguedos populares, na 
culinária, no vocabulário, enfim nos vários aspectos do folclore regional. 
 Todavia não se pode testemunhar a sobrevivência de uma culturicidade puramente africana, pelo menos no Pará, onde assim como em várias outras realidades da formação social e colonial, ocorreriam às chamadas trocas culturais e simbólicas, envolvendo as culturas aqui existentes nesta formação.  No Pará e Maranhão as culturas sudanesas e bantas não se contrapõem. Não há indícios de antagonismo tribais: ao contrário, tudo parece mostrar, na manifestação exterior da cultura desses povos, tendência para a convergência num só grupo, solidário culturalmente, pela condição de escravo. Pode-se falar de certa individualidade, ou de presença marcante, do chamado negra mina, povo fânti-axanti, cujas peculiaridades culturais se conservam mais ou menos homogêneas até nossos dias, principalmente no Maranhão.  

domingo, 23 de janeiro de 2011

ADESÃO DO PARÁ A INDEPENDENCIA

A Substituição de Dom Romualdo Antônio de Seixas na junta, pelo seu tio Dom Romualdo de Sousa Coelho, que regressara de Lisboa sem qualquer compromisso com a independência, mas sem permitir também que se praticassem excessos os nativos, fez com que os ânimos serenassem. Foi a solução diplomática para as controvérsias locais sobre a Adesão do Pará a Independência. Porém, a 11 de agosto de 1823, chega do Maranhão John Pascoe Greenfell, enviado pelo almirante Cochrane, que acabara de integrar, amando do imperador, a província vizinha à comunhão do império. Dom Romualdo, que estava eventualmente no poder, não se deu por rogado: promoveu uma grande reunião de todas as classes no palácio governamental e, sob aplausos gerais, no dia 15 de agosto, deu-se a adesão definitiva do Pará à Independência.

Essa Adesão, entretanto, não aconteceu pacificamente. Além da demora de um ano, ela registra na sua historia muito sacrifício, muito sangue, muitas torturas e muitas mortes, pois a população continuava dividida. Do lado do governo local, famílias portuguesas e brasileiras ainda compactuavam com a exploração dos nativos. E a nova junta governativa passou a ser presidida por um moderado, o coronel Jose Giraldo.

Os moderados queriam que a situação continuasse como estava, isto é, não mesma. Contanto que a administração continuasse nas mãos dos portugueses ou de brasileiros ligados a eles. Continuando, naturalmente, a exploração, a espoliação e a perseguição dos nativos. Contra essa situação, Batista Campos e Félix Antônio Clemente Malcher chefiaram os desesperados, os massacrados, uma população inteira compostas de índios, negros, tapuios, mamelucos, caboclos e mestiços. Toda essa população pobre, quase miserável, continuava a ser explorada, escravizada e espoliada pelas autoridades e pelas ricas famílias.

A situação do conflito foi se agravando até que marinheiros portugueses promoveram um atentado contra Greenfell. Dias depois, ocorreu uma rebelião dos regimentos aquartelados em Belém e em conseqüência a deposição da junta dos moderados. Batista Campos, aclamado presidente da junta pelos insurgentes, sentiu logo que não tinha força para dominar a anarquia reinante. Arrombamentos de casas, assassinatos de portugueses, saques de todas as espécies e desregramentos sociais espelhavam a anarquia geral.

Diante desses caos, cinco pessoas nativas foram julgadas sumariamente pelas autoridades portuguesas e fuziladas em praça pública. Como exemplo, até Batista Campos, que era membro da junta, foi preso e ameaçado de ser colocado na boca de um canhão. Mas por interferência de pessoas influentes, foi apenas deportado de imediato para o Maranhão. Em conseqüência desses distúrbios, 256 pessoas pobres (diga-se de passagem), do meio do povo, foram feitas prisioneiras e recolhidas aos porões do brigue palhaço. Esses prisioneiros, bem representativos da população pobre de Belém, sem nenhum processo de julgamento, foram, na realidade, condenados sumariamente à morte. Amarrados como animais foram jogados no porão do navio, que ficou ancorado ao largo da baia de Guajará, lá ficando até serem mortos por asfixia. Sepultadas como indigentes as vítimas da tragédia do brigue Palhaço, viraram símbolo da luta cabana.

Até hoje não se sabe a razão da mudança do nome desse navio presídio. Entretanto 256 paraenses pobres ficaram lá presos e amontoados nos porões escuros e infectos desse barco, isolados da terra pelas águas da baia. E, sem quaisquer providencias das autoridades, sofrendo um processo terrível de tortura.

Em determinado momento de desespero e dramática aflição, gritaram por água para matar a sede, que já estava se tornando insuportável. O calor que fazia nos porões totalmente fechados era sufocante. Mas a água que lhes deram era retirada da própria baia, a partir daí, os prisioneiros passaram a sofrer a mais angustiante tortura, pelo calor, pela sede, pelo escuro e pela aglomeração promíscua, que os tornavam iguais a animais. A própria água jogada de cima, das escotilhas, era disputada a tapas.

O escuro, o calor, o espaço exíguo, o contato dos corpos suados, sedentos e famintos, foram desesperando aquelas pobres criaturas que nem sabiam por que estavam sofrendo aquela terrivel punição. Começaram então os gritos lancinantes. Eram de angustia e de desespero os pedidos de socorro e as mais terríveis imprecações. A única providencia que ocorreu aos guardas para acalmar os ânimos desesperados foi jogar cal sobre os presos, que já estavam embolados. Essa providencia acabou silenciando os prisioneiros, levando-os à morte. Quatro pessoas apenas escaparam, mas não tiveram forças para relatar tudo sobre os terríveis momentos de desespero antes de morrer. Morreram também, sem nenhuma assistência, em conseqüência desse enterro de pessoas no porão de um navio.

O MOVIMENTO VINTISTA E AS IDEIAS LIBERAIS NO PARÁ


Na realidade, além da espoliação a que estava submetida à população nativa, as idéias liberais que surgiram na Europa não deixaram de influenciar esse período conturbado da nossa historia. É notável o comportamento de Felipe Patroni, que já em janeiro de 1821 articulava com civis e militares um pronunciamento da Amazônia em favor do movimento constitucionalista iniciado na revolução do porto, em Portugal (1820). Patroni, estudante paraense da universidade de Coimbra, tornou-se entusiasta do movimento que tentava constitucionalizar Portugal, e imaginava que podia transplantar essas idéias para a sua pátria. Tanto que, ao chegar a Belém, influenciou-se com as idéias liberais do padre Luis Zagalo que desde 1816 vivia na vila de Cametá. Em 22 de maio de 1822, fundou o jornal, “O paraense”, pelo qual abriu luta em favor do movimento constitucionalista e ao mesmo tempo visando à autonomia do Brasil. Mas o processo de desacato ao rei e a defesa da constitucionalização em favor também da Província do Pará interrompeu suas atividades autonomista. Foi preso e enviado para Lisboa.

Em abril desse mesmo ano chega a Belém o novo comandante das armas, brigadeiro José Maria de Moura, absolutista intransigente e fiel soldado do reino que ano titubeou em se sobrepor à junta e governar a província em função dos interesses das famílias de sua terra, Portugal. Sentindo que a atuação de Batista Campos (através de “O paraense”, cuja direção tinha assumido em substituição a Felipe Patroni, imprimindo manifestos políticos na oficina do jornal), predispunha a população ao movimento separatista, o brigadeiro assaltou as oficinas do jornal, mandou agredir o cônego Batista Campos e buscou todos os meios para silenciar a propaganda que julgava subversiva.

A 17 de janeiro de 1823, ao se realizarem as eleições para a Câmara de Belém, nenhuma pessoa ligada ao Reino Português e as autoridades locais foi escolhida. Diante dessa radical manifestação de oposição política, a guarnição militar dissolveu a Câmara passando a direção da província ás mãos do vigário geral Dom Romualdo de Seixas. E “O Paraense” foi confiscado e em seu lugar passou a ser editado o jornal “O Luso Paraense”, que externava a posição das autoridades coloniais.

Mesmo assim, o movimento pela independência não recuou e a 14 de abril de 1823 grandes contingentes civis e militares, sob o comando do capitão Boaventura da Silva, tentaram em Belém a proclamação da Adesão à independência. Foram derrotados. Em 23 de maio, os fugitivos, em muaná, no Marajó, tentaram novamente outro movimento no mesmo sentido que foi logo abafado. Em conseqüência, os portugueses, alarmados, constituíram uma junta de justiça e condenaram todos os rebeldes a morte. Punição essa que, por interferência de Dom Romualdo Antonio de Seixas. Foi comutada para deportação dos presos para Portugal.

O jornal “O Paraense”, criado por Felipe Patroni, Domingos Simões, refletiu todas as contradições daquela época, e logo se tornou arauto de idéias liberais, sendo considerado então muito perigoso para todas as autoridades conservadoras. A influencia do movimento Vintista que Patroni trouxera de Lisboa se refletiu em artigos apaixonados em defesa da liberdade de imprensa e das liberdades individuais. Mas deve ter sido a denuncia do parasitismo militar, da violência e do arbítrio do governo local a causa de seu fechamento.

A OCUPAÇÃO DA AMAZONIA


A ocupação e colonização da Amazônia pelos portugueses começaram quando Francisco Caldeira Castelo Branco construiu o fortim do Presépio, no dia 12 de janeiro de 1616, em Belém, isto depois de Alexandre de Moura (de origem lusitana) ter vencido e expulsado o Capitão Frances La Ravardiere, em São Luis, no Maranhão.

O avanço dos portugueses não ficou, entretanto, só nas proximidades de Belém. Em 1637, como já vimos anteriormente. Portugal incentivou o Capital Pedro Teixeira a partir em direção ao Peru, com a tarefa oficial de conter a fixação e a expansão espanhola na Amazônia. As casas fortes que foram sendo construídas nessa época deviam marcar, portanto, uma nova fronteira fixada no Alto Rio Branco, no Alto rio negro, no rio Solimões e no rio Guaporé. Tudo acompanhado de muitas batalhas militares, que impediam a penetração espanhola e a de outros países considerados intrusos.

Os primeiros tempos dos portugueses na Amazônia foram assinalados por uma série de encontros militares dentro dos rios. Soldados, colonos, sertanistas, e alguns religiosos, como os franciscanos, também pressionaram o gentio local a participar dessa dura empreitada que foi a colonização, o chamado empossamento da Amazônia. Entre os notáveis desse processo, destacamos Pedro Teixeira, Feliciano Coelho, Jerônimo de Albuquerque e frei Cristóvão de São José que comandavam os índios em nome da fé cristã.

Vejamos então, de maneira breve como se deu o processo de ocupação da Amazônia. A região foi envolvida pela cobiça dos portugueses, para ser dominada politicamente e explorada em termos econômicos. A região passou a ser finalmente considerada nos mapas como o norte do Brasil. E ainda seguindo a dominação política, Portugal permitiu que os missionários catequizassem os indígenas das mais variadas tribos e famílias, pois era imensa população indígena que constituía os habitantes das terras que deveriam ser colonizadas. Daí surgirem novas igrejas na Amazônia, como os franciscanos de Santo Antônio, os jesuítas, os mercedários, os franciscanos da Beira do Minho, os carmelitas, e os capuchos da piedade, que foram praticamente convocados para essa nova tarefa da cristandade.

Os jesuítas que chegaram ao Pará em 1653, foram arrojados e práticos. Organizaram fazendas de criação de gado e estabeleceram, a seu modo, a integração dos indígenas nas aldeias missionárias. Mas, tanto de um lado como de outro, foi facilitada a união dos homens recém-chegados com as mulheres nativas. Dessas uniões, nasceram os primeiros paraenses mestiços. Mesmo tendo que expulsar as caravanas invasoras de outros países e defender a ocupação portuguesa, os colonos militares e os missionários ocupavam-se no plantio do tabaco, da cana de açúcar e do algodão, bem como na coleta do cacau nativo e das drogas do sertão.

No ano de 1751, o governador Francisco Xavier de Mendonça Furtado, irmão do Marques de Pombal, definiu a composição e a organização do Pará, criando o Estado do Grão Pará e Maranhão com sede em Belém, sem duvida esse governador, o primeiro a tomar medidas administrativas, políticas, econômico e social para organizar a colonização portuguesa. Ele começou fundando a Companhia de Comercio do Grão Pará e Maranhão. E para ampliar a força do Estado na Amazônia, estabeleceu também normas para o trabalho indígena, contrariando abertamente os jesuítas e as outras ordens religiosas. Ainda mais radical, a política pombalina que o governador executava lhe permitiu expulsar todos os jesuítas do Brasil, impondo dessa forma o absolutismo do governo português, que voltava com toda a força em pleno século XVIII, na figura do Marques de Pombal. (Adilson Moreira)