terça-feira, 21 de julho de 2009

A REVOLUÇÃO RUSSA1917


Introdução
No começo do século XX, a Rússia era um país de economia atrasada e dependente da agricultura, pois 80% de sua economia estava concentrada no campo (produção de gêneros agrícolas).

Rússia Czarista
Os trabalhadores rurais viviam em extrema miséria e pobreza, pagando altos impostos para manter a base do sistema czarista de Nicolau II. O czar governava a Rússia de forma absolutista, ou seja, concentrava poderes em suas mãos não abrindo espaço para a democracia. Mesmo os trabalhadores urbanos, que desfrutavam os poucos empregos da fraca indústria russa, viviam descontentes com os governo do czar.
No ano de 1905, Nicolau II mostra a cara violenta e repressiva de seu governo. No conhecido Domingo Sangrento, manda seu exército fuzilar milhares de manifestantes. Marinheiros do encouraçado Potenkim também foram reprimidos pelo czar.
Começava então a formação dos sovietes (organização de trabalhadores russos) sob a liderança de Lênin. Os bolcheviques começavam a preparar a revolução socialista na Rússia e a queda da monarquia.

Lênin fala aos revolucionários em 1917

A Rússia na Primeira Guerra Mundial
Faltava alimentos na Rússia czarista, empregos para os trabalhadores, salários dignos e democracia. Mesmo assim, Nicolau II jogou a Rússia numa guerra mundial. Os gastos com a guerra e os prejuízos fizeram aumentar ainda mais a insatisfação popular com o czar.

Greves, manifestações e a queda da monarquia
As greves de trabalhadores urbanos e rurais espalham-se pelo território russo. Ocorriam muitas vezes motins dentro do próprio exército russo. As manifestações populares pediam democracia, mais empregos, melhores salários e o fim da monarquia czarista. Em 1917, o governo de Nicolau II foi retirado do poder e assumiria Kerenski (menchevique) como governo provisório.

A Revolução Russa de outubro de 1917
Com Kerenski no poder pouca coisa havia mudado na Rússia. Os bolcheviques, liderados por Lênin, organizaram uma nova revolução que ocorreu em outubro de 1917. Prometendo paz, terra, pão, liberdade e trabalho, Lênin assumiu o governo da Rússia e implantou o socialismo. As terras foram redistribuídas para os trabalhadores do campo, os bancos foram nacionalizados e as fábricas passaram para as mãos dos trabalhadores.
Lênin também retirou seu país da Primeira Guerra Mundial no ano de 1918. Foi instalado o partido único: o PC (Partido Comunista).

A formação da URSS
Após a revolução, foi implantada a URSS ( União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). Seguiu-se um período de grande crescimento econômico, principalmente após a NEP ( Nova Política Econômica ). A URSS tornou-se uma grande potência econômica e militar. Mais tarde rivalizaria com os Estados Unidos na chamada Guerra Fria. Porém, após a revolução a situação da população geral e dos trabalhadores pouco mudou no que diz respeito à democracia. O Partido Comunista reprimia qualquer manifestação considerada contrária aos princípios socialistas. A falta de democracia imperava na URSS.

A VERDADE SOBRE A CHEGADA DO HOMEM A LUA


Se você chegou a esta página porque acabou de ver uma parte surpreendente da gravação mostrando que a chegada da Apollo 11 na Lua foi feita em um estúdio, então continue lendo. Se você não viu o clipe, clique no link no fim da página, e se prepare para ficar assombrado.

No dia 20 de julho de 1969 às 4:17 p.m., Neil Armstrong foi visto na televisão por milhões de pessoas ao redor do mundo aparentemente caminhando na superfície da lua, e dando um gigantesco salto nas páginas da história. MAS, ELE REALMENTE FEZ ISSO? Teorias de conspiração abundam na Internet.

A parte da gravação que você acabou de ver responde a pergunta - mas traz muitas outras. Nós não sabemos as respostas pra todas estas perguntas - mas aqui está o que nós sabemos:

1) é real?
Sim. Esta gravação foi feita claramente em um estúdio, e tem a clara intenção de representar a chegada na Lua da Apollo 11. A atenção para os detalhes é cambaleante. A intenção é claramente a de enganar os espectadores para que acreditem que a gravação é genuína.

2) é conclusivo?
Não. Não há nenhuma prova de que porque essa gravação foi feita em um estúdio, a chegada à lua foi necessariamente uma falssificação. Mas nós sabemos que a gravação não-digital original foi destruída e que certas pessoas (perigosas) estão muito bravas com o fato desse clipe ter vazado.

3) como nós o conseguimos?
Nós não o obtivemos diretamente de uma fonte da NASA. Nossa fonte está bem colocada para atestar a autenticidade da gravação e teve ligações com os produtores de 2 recentes documentários, um para a BBC e um para a CNN sobre as conspirações envolvendo a chegada do homem à Lua. Nós não podemos revelar a identidade dele, e provavelmente nunca seremos capazes disso. A posição dele é mais perigosa do que você poderia imaginar.

4) por que eu não vi isto antes?
A gravação foi enterrada durante mais de 30 anos. Todos os originais, exceto essa parte, foram destruídos. Nós a temos há mais de 2 anos e naquele tempo entramos em contato (anonimamente) com quase todos os donos de grandes redes de televisão para vender os direitos. Sem exceção, eles estavam interessados e queriam comprá-la. Então, em um certo ponto, todos eles, sem exceção, mudaram de idéia e começaram a tentar descobrir quem nós éramos. Naquele ponto, nós deixamos de negociar com eles. Foi muito assustador.

5) como, quando e onde foi feito?
Foi feito em 1965, julgando pela câmera em que ela foi feita - uma Ikegami Tubo. Nós temos evidência de que a gravação foi feita fora do EUA - possivelmente na Europa, por uma equipe estrangeira.

6) quem está dentro da roupa espacial?
Nenhum dos astronautas originais. Na realidade, eles estão totalmente desavisados de que esta gravação foi feita. O sujeito na roupa espacial é um ator chamado Symond Lewis.

7) por que está na Internet e não na televisão?
Veja o ponto 4

8) Qual é a reação da Nasa a esta gravação?
Eles se recusaram a comentar. Mas nós ouvimos recentemente que eles estão aumentando os esforços em uma enorme campanha para convencer a todos nós que as aterrissagens de todas as Apollo aconteceram.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

A ESCRAVIDÃO É UM CRIME




A História do Brasil contada pode ser resumida num conto Macabro. Neste, o criminoso se apresenta em praça pública ainda com as mãos ensangüentadas e dentro do sinistro cinismo nos interroga:
De que crime vocês falam? Têm certeza de que a vítima existia?
Alguém mais atento ao curso da conversa pergunta indignado:
Por que o senhor esconde as mãos?
Aí passam horas num debate inútil, mas significativo do porquê dele não mostrar as mãos. Da questão central do crime e do criminoso, a história varia do porquê e se é possível duvidarmos de tão ilustre pessoa.
Bom, os dias, por vezes meses, passam e por descuido ele se apresenta ainda com as mãos ensangüentadas. Daí, nós dizemos:
Veja! As mãos estão ensangüentadas!
E eles nos dizem:
Mas não é sangue humano. È que ele tem uma granja e exerce, nas
horas vagas, entre a advocacia e a administração, a distração do ofício de estrangular galinhas.
Outro longo debate se vai. Por umas e outras fica patente que o sangue nas mãos é humano. Daí a história ganha outros contornos. Sim, é humano, mas isto não prova crime algum. Pode até ser que o sangue seja da bondade deste senhor em socorrer uma vítima moribunda. Vai aí até a arrogância em dizer que nós negros somos todos iguais. Somos ingratos, incapazes de reconhecer a ajuda, a mão estendida de quando nós esvaímos em sangue.
A explicação do porquê nós esvaímos em sangue está nas nossas brigas entre vizinhos nos cortiços e favelas, nos acertos de contas entre as guerras de gangues. Veja, vão dizer: vocês, ou seja, nós é que somos violentos. Ainda ousamos acusar tão nobres senhores de criminosos.
Mas as suas mãos continuam sujas de sangue humano, de sangue indiscutivelmente negro. Bom, é difícil dizer. Vai alegar que não sabemos se o sangue é negro ou não. Nós sabemos que é, mas a dúvida agora relançada é se o sangue é negro ou não. Evolui a duvida sobre as comprovações. Eliminada as duvidas, é negro, então, para surpresa nossa e para desgaste do debate vão perguntar se é dos negros bons ou ruins. Sim, pode ser negro, mas dos negros ruins. Na pirâmide do absurdo social vivido, o crime não vai ser moralmente condenado pelo crime, mas se foi supostamente seres bons ou ruins.
Mas as mãos continuam sujas de sangue. A nossa prolixa argumentação começa a incomodar. Alguns brancos começam a ficar preocupados que possa ser mesmo sangue humano. Uns têm a horrenda sensação da angústia que possa ser sangue humano e não apenas negro. Daí, para muitos, o fato torna-se preocupante. Na dúvida, talvez seja preciso pensar em fazer alguma justiça. Vai-se mais a fundo na história. Fica determinado que é sangue humano. Que é sangue humano negro, mas que existe também traços de sangue branco.
Seria suficiente para a condenação? Não. Fazendo uso ainda de manobras jurídicas, o criminoso das mãos ensangüentadas pergunta-nos:
- Mas se houve crime, onde está o corpo? De quem é o corpo? De onde veio este corpo?
E por falta de resposta nada se faz.
O tempo passa, mas nem tudo cicatriza. No crime, houve roubo e riquezas são processadas na continuidade dos crimes, nas ausências de justiça. Nas ausências da base ética e moral para se falar sobre os crimes, outros crimes se processam e proliferam. Vêm todos agora com mãos ensangüentadas. Alguns hoje especializados em máquinas automáticas de matar e processar vítimas, como fábricas de sanduíches, que elimina as horrendas aparições de mãos ensangüentadas.
Mais ainda, alguns senhores aparecem com as mãos ensangüentadas e nós continuamos dizendo que a escravidão foi um crime e que como crime, ela é imprescritível, inafiançável e inalienável.
Nova polêmica se forma, não sobre os fundamentais princípios humanos sobre o crime e suas conseqüências. Sobre se é possível o sangue durar nas mãos tanto tempo. Que é mais prático, moderno e civilizado partirmos para uma discussão nova. Tudo não passa de arcadismos daqueles (apontando para nós) que ficam cavando nas covas da história. Há quem vá dizer que a modernidade implica em olhar para frente. Que vai perder o jato da história quem olhar para a história passada, ou seja, para trás.
Convencidos do moderno, do limpo, do educado, do informatizado vai fundando uma geração preocupada em esquecer os crimes do escravismo. De esquecer quem nós somos como conjunto e pensando no novo paradigma da sociedade pós-industrial. O sucesso pela competência individual. É que nós estamos pensando que quase tudo foi contado. O culto é apenas aos outros lados da história que os imediatismos não nos deixam ver, muito menos antever e é daí que surgem sempre as fraquezas do meu, individual, plano estratégico de sucesso, que não é mais nada do que um plano individual quase suicida de sobrevivência.
Um dia, quase que por descuido, por simples distração em olhar para o lado e ver a cara da competição através da competência. Estava ali, a competência branca. Ela não é individual. Ela é coletiva. Ela é coletiva desde a organização para impor o escravismo até hoje de usar da fortuna produzida no escravismo criminoso, sem sentir remorso, culpa, condenação ou mesmo alguma pressão em ter uma organização para usufruto daquilo que foi esquecido. Mesmo a fábrica de sanduíche é uma organização coletiva dos mesmos, organizados nos mesmos critérios, onde as competências individuais são resultados apenas das coletivas.
A consciência da inconsciência nos fez olhar para o que não estava programado para olhar. Aí vamos ver no retrato das histórias, que as competências negras são competências resultantes das competências coletivas, reunidas nos grupos negros de resistência ao escravismo criminosos. São as Irmandades Negras do Rosário e São Benedito, de onde saíram escritores e artistas plásticos negros, juristas e outra ordem de cargos públicos constituintes da ordem de homens livres, que as irmandades conseguiam livrar tanto do escravismo, como das outras barbáries eliminadoras das qualidades humanas.
Outras competências marcantes foram os movimentos pela abolição, aí articularam-se competências negras associadas à brancos literários, à indígenas em luta pelos mesmos ideais. Foi assim que competências negras como Luís Gama e José do Patrocínio passaram para a História Nacional. No centro de uma competência coletiva dos movimentos sociais, associadas a outras das irmandades.
Daí, temos que a maior competência histórica foram os Quilombos. Competência não apenas de organizar, combater, mas de produzir. Esta competência coletiva fixa as competências individuais de Zumbi, Manoel Congo e milhares de outros líderes quilombolas. A competência coletiva foi tão grande, enorme, que realizou mais de 2000 unidades em todo território nacional. Número que superou durante muito tempo mesmo o número de municípios do país, que hoje, com todo desenvolvimento, não passa de 5000.
A competência coletiva do quilombo nos transmite pelo menos duas valiosíssimas heranças. A posse da terra, os únicos negros que têm terras numa área maior que a França e a Inglaterra juntas são as Comunidades de Quilombos. Poucas vezes esta verdade foi encarada com a importância econômica que tem. Por isso, também se explica porque tanta gente tem se organizado para roubar as terras dos Quilombos e para eliminar as marcas históricas que possibilitam o traçado histórico desses Quilombos. A outra competência coletiva que o Quilombo nos legou e que é valiosíssima e nós temos por vezes, devido a um pragmatismo irresponsável e burro, jogado no lixo é a marca Quilombo. Ela é um símbolo forte das mais fortes organizações negras. Deveria, nesta sociedade de consumo e da guerra de marcas, nas quais as marcas valem muito mais do que as fábricas e os produtos, ser vista como competência, como uma marca forte. Atrás da marca Quilombo, tem vários marketings possíveis. Ela é o principal referencial da nossa dignidade histórica.
Agora individual, munidos de gravata, diploma, curso de inglês e informática, não são as suas sacrificadas competências individuais que vão te fazer driblar os racismos. Muito menos os pequenos sucessos, os modismos dos negros de alma branca, dos negros bem sucedidos ou outras historietas de faz de conta. A realidade é que as competências são coletivas. São famílias e grupos, partido e seitas, grupos informais e formais. Sempre alguém é alguém porque tem a sua turma. E qual é a sua?
As mãos continuam sujas e nem mesmo nos perguntamos por quê?
Mas se perguntam sem medo nenhum da verdade terão que os senhores durante o escravismo criminoso, se especializaram em beber sangue humano, ao matarem a espécie devido o prolongado hábito, tornaram-se vampiros. Por isso, das mãos continuam escorrendo sangue, mesmo que o grosso do serviço seja feito na fábrica automática e limpa.
Terminava aí, se não fosse o episódio tragicômico da manhã de ontem. Acontece que eu tive um fatídico encontro com um vampiro branco. Disse-me ele para minha ciência do fim trágico:
- Bem que avisamos, mas vocês são teimosos em demasia. Têm que ficar pensando, questionando e falando... falando. A regra básica é nossa. Nesta democracia racial apenas os brancos falam. Vocês apenas escutam e fazem aquilo que escutam. Aí para quem vacila, a regra é a morte.
Somente aí, em meio a suposta tragédia da morte, em segundos é que foi possível um sorriso. Ria da minha ingenuidade. Até então não tinha percebido, como dizia minha sábia avó, nas suas ancestrais sabedorias, vivendo, aprendendo e morrendo sem saber. Estava ali o sangue, as mãos ensangüentadas para marcar o terror, não apenas a satisfação dele, mas a forma de terror que aterroriza. Tinham necessidade de sangue, para aparecerem no mundo das crianças nossas. Assim, inconscientemente, para o resto das suas vidas teriam, essas crianças, medo dos fantasmas brancos.
Também entendi porque outros brancos quase nunca acreditam nas histórias dos racismos. Histórias que para eles não passam de pesadelos nossos. Na mesma ótica, outros negros têm medo de admitir que conhecem o racismo, pois assim teriam que acreditar em quase coisa de assombração

A DIVIDA EXTERNA BRASILEIRA


Introdução

Durante a última semana a imprensa emudeceu frente a organização do plebiscito em relação à dívida externa. O pouco espaço dedicado à questão foi ocupado por entrevistas do ministro Pedro Malan, para defender a posição neoliberal do governo ou por editoriais que iniciam-se chamando a idéia de "calote".

O Jornal Opinião da década de 70

Uma Questão de Cidadania

Em momento algum a grande imprensa e aqueles que são contrários ao "calote" se preocuparam em falar sobre todos os calotes que foram dados na sociedade brasileira, quando, ao longo de mais de um século, o endividamento serviu para sustentar uma elite parasitária e criar uma economia subserviente ao capital internacional e ao F.M.I..
Em momento algum a imprensa e os governantes preocuparam-se em defender a realização de um grande debate nacional, para que a sociedade que paga os empréstimos tenha consciência de sua origem e dos "benefícios" que trouxe à ela; percebem que qualquer movimento de discussão desse assunto representa um questionamento à política em andamento, assim como também percebem que qualquer discussão que possa envolver a sociedade como um todo, não interessa a essa minoria.
A proposta da realização do plebiscito representa um grande avanço, exatamente por que pode envolver toda a sociedade num grande debate, que na verdade é muito maior do que a discussão da Dívida Externa, trata-se de discutir a cidadania. Independentemente da importância do tema, a participação da sociedade é que está em jogo e nesse sentido fica patente o que as elites pensam da cidadania: a ação do homem no sentido de respeitar as leis do Estado e em hipótese alguma participar, discutir, opinar.
Ninguém é ingênuo em acreditar que o Plebiscito que ocorre nesse momento vá definir o encaminhamento da questão da dívida, porém cria um debate em toda a sociedade

Origem da Dívida

A Dívida Externa adquiriu proporções astronômicas durante o regime militar (1964-85), no entanto sua origem remonta à Independência do país, no século XIX.
O primeiro empréstimo externo do Brasil foi obtido em 1824, no valor de 3 milhões de libras esterlinas e ficou conhecido como "empréstimo português", destinado a cobrir dívidas do período colonial e que na prática significava um pagamento à Portugal pelo reconhecimento de nossa independência. A independência não alterou as estruturas sócio econômicas e restringiu-se a um movimento político muito limitado, mantendo o regime monárquico e o herdeiro português no trono, aliado aos latifundiários conservadores sob o comando de José Bonifácio. A aceitação do pagamento da indenização está ligada aos vínculos mantidos com Portugal e ao mesmo tempo aos interesses ingleses, que somente reconheceu nossa soberania após o acordo com Portugal.
Em 1829 foi realizado novo empréstimo que passou para a história como "o ruinoso" e serviu para cobrir parcelas não pagas do empréstimo anterior. Do total tomado emprestado, o Brasil recebeu apenas 52%, pois o restante serviu para cobrir os juros da dívida anterior.
Dois novos empréstimos importantes foram realizados durante o Império -- em 1843 e 1852 -- utilizados ainda para pagar débitos relativos ao primeiro empréstimo, que somente foi saldado em 1890.
Durante esse período o Brasil ainda endividou-se ainda mais com a Guerra contra o Paraguai. A Inglaterra forneceu os navios e empréstimos ao Brasil para o conflito que também interessava à ela.

A Primeira República

Durante a república do "café com leite" o endividamento aumentou ainda mais, porém a idéia central ainda era a mesma, garantir os privilégios da elite. O presidente Campos Salles, eleito em 1898, viajou à Inglaterra antes mesmo da posse, para renegociar a dívida com os banqueiros Rotshild, e firmou um acordo que ficou conhecido como "Funding Loan", que suspendia o pagamento por um período de 13 anos, sendo que o pagamento dos juros seria realizado em 3 anos, em títulos da dívida pública e obtinha um novo empréstimo. Como garantia do cumprimento do acordo, as rendas das alfândegas brasileiras ficaram hipotecadas aos credores ingleses.
Novo endividamento surgiu em 1906, representando o início da "Política de Valorização do Café". Neste ano, foi assinado o Convênio de Taubaté, entre os governadores de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, que, a partir de empréstimos tomados no exterior, comprariam e estocariam o excedente da produção de café. A valorização, como outras políticas protecionistas, resolvia o problema imediato da burguesia paulista e mantinha o nível de emprego nos setores da economia vinculados ao café, porém prejudicava a maioria da sociedade, na medida em que setores essenciais eram relegados a segundo plano em termos de investimento, além de promover a desvalorização da moeda, originando um processo que ficou conhecido como "socialização das perdas", quer dizer, a maioria da sociedade pagava pela política que beneficiava a minoria.
Os governos do período continuaram a realizar empréstimos que beneficiavam a elite cafeeira, contrastando com a situação de crise nas exportações durante a Primeira Guerra Mundial e posteriormente, na metade da década de 20.





Com a crise iniciada nos EUA afetando a economia do país, o pagamento da dívida foi suspenso em 1931 por decisão unilateral do Brasil. Em 1934 a Assembléia Nacional Constituinte passou a investigar o endividamento brasileiro, que chegava a 237 milhões de libras esterlinas e já estava documentado de forma detalhada pelo ministro Oswaldo Aranha. O ministro não era um crítico dos empréstimos do exterior, nem defendia o não-pagamento da dívida. Depois de viver por alguns anos nos EUA, defendia um estreitamento das relações do Brasil com aquele país, em detrimento dos interesses ingleses, então nossos maiores credores. Condenava apenas a forma pela qual os empréstimos tinham sido aproveitados -- não em obras públicas, como achava que deveria Ter ocorrido. Pensava ainda que o país deveria parar de tomar emprestado para pagar empréstimos e deveria pagar com seus próprios recursos. O ministro destacava a característica básica do endividamento: "foram feitos uns para pagar os outros, em parte ou no todo, refundindo-se em novos empréstimos".

As Últimas Décadas

Apesar da ausência de empréstimos externos e das condições desfavoráveis do comércio exterior, nos anos 30 a economia brasileira se expandiu em ritmo maior que na década de 20, "época de maciço ingresso de capital externo.
No período posterior ao golpe militar os empréstimos voltam a aumentar substancialmente, devido a política econômica desenvolvida então, particularmente no período que ficou conhecido como "milagre econômico", quando a indústria brasileira cresceu a taxas elevadíssimas graças ao ingresso maciço de capitais estrangeiros, fazendo com que a dívida saltasse de 4 para 12 bilhões de dólares.
O endividamento pós 64 tem dois estágios. O primeiro é o dos governos
Costa e Silva e Médici, nos anos 68-73, do "milagre econômico". Nesse período, os empréstimos foram usados para, ao cabo de tudo, realizar ar operações de crédito na compra de geladeiras, secadores de cabelo, automóveis e outros bens supérfluos e também para financiar ar grandes obras urbanas e serviços que viabilizaram a existência dos automóveis e das geladeiras, tais como estradar, viadutos e redes de energia elétrica.
No final de 1983, em depoimento na CPI da Dívida Externa, Celso Furtado, economista que fora ministro do Planejamento antes do golpe, mostrou como o Brasil pòs-64, graças a mudanças de política financeira e cambial -
nas regras de conversão do dólar em cruzeiros -, acabou na prática pagando, através do Banco Central, para os capitais estrangeiros, parte do preço de automóveis c secadores de cabelo, comprados a crédito obtido por dólares emprestados.
A Segunda fase do endividamento começa no governo do general Ernesto Geisel (1974-79). A partir de 74, a indústria de bens de consumo duráveis, com a produção de automóveis à frente, começa a encalhar, em grande parte devido a crise mundial do petróleo, que repercute na elevação nas taxas de juros, que somadas aos gastos dos grandes projetos de geração de energia.
Em 1982 temos o ano da falência declarada do modelo brasileiro de desenvolvimento e o país recorre ao FMI e ao final do governo Figueiredo, que encerra a ditadura militar, a dívida externa chegava a casa de 100 bilhões de dólares.
A Dívida atual alcança a casa dos 231 bilhões de dólares.

CUBA HOJE



O que vai mudar em Cuba? Você estudante não deve ter percebido, mas já faz 10 anos que esta pergunta é feita. Desde a queda do muro de Berlim (1989), marco da crise do bloco soviético, especula-se sobre a situação de Cuba.

A partir das reformas implantadas por Gorbatchev na antiga URSS e principalmente após sua extinção em 1991, a situação da economia cubana passou a sentir os sinais da crise: retração da ajuda econômica, diminuição do volume comercializado com a Europa Oriental, ao mesmo tempo em que os EUA mantiveram o embargo comercial. Passou-se então a especular sobre as possibilidades do "socialismo cubano", pois para a imprensa e para os "especialistas", chegava ao fim o socialismo.

Uma década depois, Cuba, China, Vietnã e outros países mantêm as mesmas formas políticas, apesar de algumas mudanças econômicas. Che Guevara.

CUBA HOJE

A crise econômica da última década vem sendo responsável por mudanças no comportamento sócio-econômico, que lentamente minam as bases políticas do regime. Parcela significativa da população vê sua condição de vida piorar a cada dia, sem condições de fazer a tradicional comparação com a situação de antes da Revolução, pois poucos conheceram a ditatura de Fulgêncio Batista e o controle do imperialismo norte-americano. As conquistas sociais, principalmente no campo da habitação e da saúde se perdem, somando isso à liberdade já há muito perdida.

O desenvolvimento do turismo criou na Ilha uma economia informal, dolarizada e que foge ao controle do governo, disseminando a idéia de que a melhora do nível de vida somente será possível por meios ilegais, que coloca em xeque inclusive a fidelidade partidária e ideológica. A prostituição volta a aumentar, assim como os índices de criminalidade.

OS INTERESSES

Em janeiro de 1998, o Papa fez uma visita a Cuba. Visita histórica. Muitos acreditaram que se repetiria o processo polonês ( As principais lideranças do sindicato Solidariedade, responsáveis por comandar as transformações na Polônia eram vinculadas a Igreja Católica), que Fidel Castro buscava o apoio de uma liderança expressiva para iniciar internamente um processo de transição. Após a visita alguns presos políticos foram libertados e a comemoração do natal foi permitida, porém essas medidas foram superficiais e não representaram mudanças concretas: Fidel continua no poder, o único partido é o Comunista e em fevereiro último foram aprovadas ovas leis criminais, incluindo a pena de morte em caso de tráfico de drogas, mesmo com o protesto dos cardeais católicos.

Quanto aos EUA, anunciaram em janeiro de 99 um alívio no embargo comercial à Cuba.

O governo vai facilitar a aprovação do visto diplomático para cidadãos cubanos;
Expansão dos vôos para Cuba;
Permissão para que todo norte-americano envie US$ 1200 por ano a residentes em Cuba, sendo que grupos religiosos e organizações não-governamentais poderão enviar valores maiores.

Dá para perceber qual o interesse dos EUA?
Ajudar os pobres cubanos ou estimular a dolarização da economia de Cuba?

quarta-feira, 8 de julho de 2009

FERNANDO COLLOR



Político fluminense. Primeiro presidente brasileiro eleito por voto direto depois da ditadura militar e o único a sofrer um processo de impeachment.

Fernando Collor de Mello (12/8/1949-) nasce no Rio de Janeiro, em família com tradição política, e conclui os estudos secundários em Brasília, em 1968. Cursa economia na Universidade de Brasília e, em 1973, vai para Maceió dirigir o jornal da família, a Gazeta de Alagoas. É nomeado prefeito da cidade em 1979 e, três anos depois, elege-se deputado federal pelo Partido Democrático Social (PDS). Em 1986 ganha a eleição para governar Alagoas pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Durante sua gestão, fica conhecido nacionalmente pelo "programa de caça aos marajás", funcionários públicos que recebem salários milionários. Candidato à Presidência da República em 1989 pelo Partido da Reconstrução Nacional (PRN), derrota Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), no segundo turno. Assume o cargo adotando medidas econômicas drásticas, como o bloqueio dos saldos das contas bancárias superiores a 50 mil cruzados - a moeda na época. Durante seu governo surge uma série de escândalos e suspeitas de corrupção. As denúncias ganham força em abril de 1992, quando Pedro Collor, irmão do presidente, revela a existência do "esquema PC" de tráfico de influência e irregularidades financeiras, organizado por Paulo César Farias, ex-tesoureiro de Collor. Com a abertura do processo de impeachment, o presidente é afastado em outubro de 1992 e renuncia ao mandato durante a sessão de julgamento no Senado, em dezembro do mesmo ano. É proibido de exercer qualquer função pública por oito anos. Muda-se, então, para Miami, Estados Unidos, onde vive até abril de 1998. De volta ao Brasil, escolhe São Paulo como domicílio eleitoral e concorre à eleição para a prefeitura da cidade em 2000.

TROPICALISMO

História do Tropicalismo, origem, influências, movimento e características, principais artistas tropicalistas, tropicália

Capa do disco de Caetano Veloso de 1969: um dos marcos do Tropicalismo
Origem do tropicalismo
O tropicalismo foi um movimento musical, que também atingiu outras esferas culturais (artes plásticas cinema, poesia), surgido no Brasil no final da década de 1960. O marco inicial foi o Festival de Música Popular realizado em 1967 pela TV Record.
Influências e inovações
O tropicalismo teve uma grande influência da cultura pop brasileira e internacional e de correntes de vanguarda como, por exemplo,o concretismo. O tropicalismo, também conhecido como Tropicália, foi inovador ao mesclar aspectos tradicionais da cultura nacional com inovações estéticas como, por exemplo, a pop art.
O tropicalismo inovou também em possibilitar um sincretismo entre vários estilos musicais como, por exemplo, rock, bossa nova, baião, samba, bolero, entre outros.

As letras das músicas possuíam um tom poético, elaborando críticas sociais e abordando temas do cotidiano de uma forma inovadora e criativa.

Críticas recebidas
O movimento tropicalista não possui como objetivo principal utilizar a música como “arma” de combate político à ditadura militar que vigorava no Brasil. Por este motivo, foi muito criticado por aqueles que defendiam as músicas de protesto. Os tropicalistas acreditavam que a inovação estética musical já era uma forma revolucionária.

Uma outra crítica que os tropicalistas receberam foi o uso de guitarras elétricas em suas músicas. Muitos músicos tradicionais e nacionalistas, acreditavam que esta era uma forte influência da cultura pop-rock americana e que prejudicava a música brasileira, denotando uma influência estrangeira não positiva.

Os principais representantes do tropicalismo foram:

- Caetano Veloso
- Gilberto Gil
- Os Mutantes
- Torquato Neto
- Tom Zé
- Jorge Bem
- Gal Gosta
- Maria Bethânia

Os discos tropicalistas que mais fizeram sucesso foram:

- TROPICÁLIA ou PANIS ET CIRCENCIS - 1968 – Mutantes
- CAETANO VELOSO - 1968
- LOUVAÇÃO - 1967 - Gilberto Gil
- A BANDA TROPICALISTA DO DUPRAT - 1968 - Rogério Duprat
Músicas tropicalistas que fizeram sucesso:
- Tropicália (Caetano Veloso, 1968)
- Alegria, Alegria (Caetano Veloso, 1968)
- Panis et circencis (Gilberto Gil e Caetano Veloso, 1968)
- Atrás do trio elétrico, (Caetano Veloso, 1969)
- Cadê Teresa (Jorge Ben, 1969)
- Aquele abraço (Gilberto Gil, 1969)

Conclusão
O tropicalismo foi muito importante no sentido em que serviu para modernizar a música brasileira, incorporando e desenvolvendo novos padrões estéticos. Neste sentido, foi um movimento cultural revolucionário, embora muito criticado no período. Influenciou as gerações musicais brasileiras nas décadas seguintes.

OLIVER CROMWELL



Estadista inglês (25/4/1599-3/9/1658). Nasce em Huntingdon, filho de um proprietário rural, e recebe educação muito religiosa. Elege-se para o Parlamento em 1628, destacando-se pelos ataques à hierarquia da Igreja Anglicana. Em 1629, o rei Carlos I dissolve o Parlamento e implanta um governo absolutista que dura 11 anos. Quando estoura a primeira guerra civil entre as forças monárquicas e o Parlamento (1642-1646), Cromwell lidera a ala radical dos opositores do rei, sobressaindo como organizador militar. Em 1645 marcha sobre Londres para persuadir Carlos I a aceitar um governo regido pela Constituição. Não há acordo e uma nova guerra civil acontece, terminando com a execução do rei em 1649. A Inglaterra torna-se uma república e Cromwell, presidente do Conselho de Estado, braço executivo do Parlamento. Em 1653, um golpe de Estado dissolve o Parlamento e concentra os poderes nas mãos de Cromwell, que tem o título de Lord Protector. Na política externa, obtém vitórias militares que reforçam o poderio inglês. Internamente, adota medidas de abertura do comércio e fortalece o puritanismo, mas atua com tolerância religiosa, exemplificada pela readmissão dos judeus no Reino Unido. Morre em Londres e é enterrado na Abadia de Westminster. É sucedido pelo filho Richard, que governa até 1659. Depois da restauração da monarquia, em 1660, seus restos são transferidos para Tyburn, onde eram executados os criminosos.

MAQUIAVEL: IDEALIZADOR DO ESTADO FORTE



Alguns escritores o identificam como "apenas" um historiador, outros dizem que além de historiador ele foi um importante filósofo político. A verdade é que Niccoló Machiavelli - entre nós Nicolau Maquiavel, nascido em Florença, Itália, em 03 de maio de 1469, dedicou grande parte de sua vida ao desenvolvimento e entendimento das maneiras de governar e "manipular" o poder. Pode-se dizer ainda que Maquiavel, com maestria, desenvolveu a ciência política (a arte de governar), tendo como principal "engrenagem" o poder centralizado para a criação e defesa de um Estado forte. Dentre suas principais obras destaca-se "O Príncipe" - publicado em 1513. Muitos denominam esta publicação como um "tratado clássico da ciência política".

Por outro lado, é prudente destacarmos a importância em identificar o "ambiente histórico" no qual Maquiavel cresceu - o Renascimento italiano. Nicolau viveu numa época de notáveis realizações da pesquisa histórica - apresentando preocupação com a crítica rigorosa das fontes de pesquisas e intercâmbio com outras disciplinas. Alguns críticos apontam que Maquiavel, em suas obras, revela uma certa falta de "sentido histórico". Este "sentido" existe, porém, de outra forma. Por outro lado, o ambiente político é também muito relevante para entendermos alguns pontos do pensamento de Maquiavel e sua teoria do Estado Absoluto. Muitos o apontam como sendo o fundador do pensamento político moderno.

Durante os séculos XV e XVI o cenário político da Itália atravessava momentos desastrosos com respeito a sua governabilidade. Na época do renascimento havia uma expectativa de afirmação da monarquia absolutista. Os Estados Pontifícios eram controlados pelo Clero de maneira soberana. Invasões estrangeiras também contribuíram para o cenário caótico da província - destes podemos destacar o saque de Roma em 1527 - realizado por tropas do então imperador Carlos V. Também na Itália existiam ainda cidades - livres como: Gênova, Florença, Milão, etc. Já em outras localidades da Europa, havia uma proliferação do poder, que era distribuído da seguinte forma: Igreja Católica, Nobres, cidades - livres, Tiranos e reis estrangeiros.
No entanto, diferentemente da Itália, nestas regiões se desenvolveram as monarquias nacionais, com reinos cada vez mais poderosos, e esta força real trouxe a capacidade de superar o "comando divino".

Quando nos referimos as origens da idéia de concentração do poder, podemos dizer que parte do processo de formação do Estado Absolutista deu-se entre os séculos XV e XVIII - quando os reis procuraram criar suas próprias instituições (Conselho, exércitos, corpo de funcionários). A consolidação deste processo ocorreu em meados do século XVIII, com a presença da burocratização do processo político.

Para Maquiavel - se fazia necessária á intolerância religiosa como requisito na formação deste Estado forte. Ele entendia ainda que desta forma, seriam extintas as invasões estrangeiras que tanto atingiam os assuntos internos da Itália.

O fortalecimento do Estado passa a ser, portanto, algo necessário. A valorização da moral sofre a transição da esfera pessoal para universal, abandonando definitivamente o contexto divino. Segundo Maquiavel, o Estado com poder centralizado proporciona proteção, inclusive para seu condutor. Com isto, a idéia de liberdade do homem é posta de lado, abrindo espaço para a capacidade deste mesmo homem viver em sociedade, sempre em detrimento do poder centralizado.

Uma vez consolidado o Estado de poder absoluto, é preciso enfrentar o desafio de mantê-lo como tal. Os caminhos percorridos para este fim independem conquanto que permaneça com a mesma característica de centralização. O Estado nesta condição é capaz de produzir suas próprias leis - um Estado autônomo e criador de política. Estas são estabelecidas também para conter os conflitos sociais - que no início serviram como "combustível" para alimentar a necessidade da formação do Estado Absolutista.

A racionalidade é outra característica que precisa estar presente no comando do Estado - tal dimensão independe da ação tomada, desde que seja mantido o objetivo de atender (completamente) os interesses do poder centralizado. Seu assessoramento deve ser composto por personagens nacionais, para que assim, reúna capacidade de enfrentar, quando preciso - seus inimigos sem demonstrar fraquezas e, sobretudo, manter distante a criação de conflitos internos contra seu próprio condutor.

Referência Bibliográfica:
NICOLAU, Maquiavel - "O Príncipe", Edicota Difel (Brasi), 2002

O IMPERIALISMO EUROPEU NO SÉCULO XIV


África, século XIX, o continente quase todo encontra-se sobre o controle dos países europeus, seja na forma de protetorados, de controle direto ou associação aos governos locais por parte dos países da Europa. O mapa da África, e sua conseqüente divisão entre as potências da época foi traçado em Berlim(!!!!), isto mesmo, na capital alemã, em uma conferência sob a chefia de Otto von Bismarck. Reunidos líderes das principais potências econômicas do “Velho Continente” trataram de negociações para dirimir divergências e organizar a exploração no continente africano e redefinir ou traçar o mapa daquela área. A justificativa para tal ação era a “Missão Civilizatória”, já que o Eurocentrismo (idéia vigente e divulgada no séculoXIX) julgava que cabia aos europeus a missão de levar civilização, conhecimento e saber aos povos africanos (mesmo que este conceito desprezasse as tradições culturas e conhecimentos do nativos da “Mama África”), claro que isto representava levar os valores europeus, sem a prévia consulta aos africanos.
Por trás deste “nobre” objetivo escondia-se o desejo de controlar e explorar as importantes reservas de ouro, diamantes, marfim e outros recursos naturais que a África dispunha. Nem sempre os europeus se entenderam bem sobre esta divisão chamada de Neocolonialismo ou Imperialismo (exemplo disto foi a Guerra do Bôeres) mas de modo geral o plano de conquista foi bem executado e os resultados favoráveis à construção ou consolidação dos grandes impérios do século XIX, já para os africanos a tragédia possuiu uma amplitude inimaginável. Não bastasse as perdas humanas que a África teve durante os séculos XV ao XVIII com o tráfico de escravos, veio o controle de seus territórios e a conseqüente retirada de suas riquezas naturais para ampliar a fortuna de pessoas do outro lado do Mediterrâneo ou do Atlântico.
Cabe ainda dizer que o Imperialismo não se restringiu à África,nem aos países europeus, foi levado para a Ásia e praticado também na Oceania e América e que os EUA também fizeram uso deste expediente para aumentar o seu poderio econômico e que por trás desta ação estavam os cartéis, trustes e holdings que dominaram o cenário econômico na virada entre os séculos XIX e XX.

Questões para debate:

1. “Existe uma profunda relação entre as comunidades científicas européias e o Imperialismo (Neocolonialismo) no século XIX.” Explique a afirmativa:
2. A Chamada “Missão Civilizatória” desapareceu plenamente?

CHARLES DARWIN


Naturalista inglês (12/2/1809-19/4/1882). Nasce em Shrewsbury, no condado de Shrospshire, região oeste da Inglaterra. Aos 16 anos, começa a faculdade de medicina, onde se interessa pelo estudo da história natural. Interrompe o curso para estudar teologia em Cambridge, a pedido do pai. Mas não desiste da ciência. Graças à amizade com cientistas conceituados, participa como naturalista, em 1831, de uma expedição de volta ao mundo no navio Beagle. A viagem, promovida pela Marinha inglesa para completar dados cartográficos de seu interesse, dura cerca de cinco anos. No decorrer da viagem, obtém informações fundamentais para formular a Teoria da Evolução das Espécies. Publicada em 1859 no livro A Origem das Espécies, ela defende a tese de que o meio ambiente seleciona os seres mais aptos e elimina os menos dotados. Seguindo a própria teoria, provoca polêmica com a Igreja ao lançar a obra A Descendência do Homem, em que expõe a idéia de que o ser humano descende do macaco. Os conservadores são os que mais protestam contra ela, por não admitirem que os ancestrais da espécie humana sejam animais. Morre em Down e, por solicitação do Parlamento britânico, é enterrado na Abadia de Westminste.

CABANAGEM A REVOLUÇÃO POPULAR (1835 - 1840)








A Cabanagem (1833-1836), também denominada Guerra dos Cabanos, foi uma revolta de caráter social ocorrida na Província do Grão Pará, no Brasil.
A denominação Cabanagem remete às cabanas, tipo de habitação da população ribeirinha mais pobre, formada principalmente por mestiços, escravos libertos e índios, exploradores das “drogas do sertão”, que já possuía um histórico de revoltas contra os responsáveis por sua miséria. No período da consolidação de sua independência, em 1823, enfrentou os comerciantes portugueses dominantes do Pará, e já no período regencial, voltou-se contra as autoridades enviadas pela Regência, que não atendiam aos interesses populares, além da irrelevância política à qual a província foi submetida após a independência do Brasil.

Assim, na rebelião, somava-se aos paraenses miseráveis, a elite fazendeira do Grão-Pará, que embora morasse muito melhor, ressentia-se da falta de participação nas decisões do governo central, dominado pelas províncias do Sudeste e do Nordeste. Os cabanos buscavam, através da criação de uma república própria, separando-se do Império brasileiro, maior estabilidade e autonomia política, além de melhores condições. Tentaram isso na figura de líderes com diversas origens sociais, mas foram traídos por aqueles a quem haviam confiado a liderança. Assim, sua luta por igualdade social e democracia acabou sendo massacrada pelas autoridades imperiais que contaram com auxílio das próprias lideranças cabanas.

CONTEXTO: Grão-Pará e a cidade de Belém na década de 1830

Na década de 1830, a província do Grão-Pará, que compreendia os estados do Pará e Amazonas, tinha um pouco mais de 80 mil habitantes (sem incluir a população indígena não-aldeada). De cada cem pessoas, quarenta eram escravos indígenas, negros, mestiços ou tapuios, isto é, indígenas que moravam nas vilas.

Belém, nessa época, não passava de uma pequena cidade com 24 mil habitantes, apesar de ser um importante centro comercial por onde era exportado cravo, salsa, fumo, cacau e algodão. A província do Pará além de ser a mais distante da capital era também a mais ligada a Lisboa. A emancipação política do Brasil em relação a Portugal não operara uma significativa mudança na estrutura social, assegurando, pelo contrário, a permanência do poder político na classe proprietária lusitana. A morte de D. João VI em 1826 e o conseqüente regresso forçado de D. Pedro como herdeiro ao trono português faziam temer a perda dos direitos adquiridos e, conseqüentemente, o regresso do Brasil a colônia portuguesa. Por esta razão, este foi um momento de geral insegurança provocado pelo ardor das correntes políticas que então se combatiam em quase todo o império, acirrando ao máximo a disputa entre as elites portuguesas e os dirigentes nacionais.


CABANAGEM: A história

Origem

Seringueiros, índios, mestiços e negros, homens pobres e explorados, membros do clero e liberais nacionalistas esperavam diversos resultados da independência brasileira, mas poucos foram efetivamente alcançados.
A Cabanagem (1833 – 1836), uma rebelião regencial ocorrida nos estados Pará e Amazônia, foi o primeiro movimento popular que chegou ao poder no Brasil, apesar de ter sido mal conduzido e rapidamente derrotado pela regência.
Os indígenas e tapuios queriam o reconhecimento de seus direitos e parar de trabalhar como escravos nas manufaturas e roças. Os negros desejavam a abolição da escravatura. Entre os proprietários, profissionais liberais e clérigos, as reivindicações eram pelo afastamento de portugueses e ingleses do poder político e econômico. Sobretudo, o que unia todos era o clamor pela liberdade e independência, inicialmente paraense, e posteriormente difundido ao longo do Rio Negro.

Classe dominante atrasa a emancipação do país

A classe dominante da época, composta em sua maioria por comerciantes portugueses, resistia à independência do Brasil. Contavam com o apoio de tropas militares do Rio de Janeiro, que acabaram com movimentos populares a favor da emancipação do país e terminaram por atrasá-la em quase um ano.

Os cabanos

Mesmo após a conquista da Independência, os cabanos (massa miserável que habitava choupanas a beira de rios) estavam insatisfeitos, pois seus líderes não puderam participar do governo provisório. O povo, que exigiu ao governo geral a inclusão desses líderes, foi violentamente reprimido.

Reconstrução de um cenário instável

Com a abdicação e a falta de firmeza da regência, o cenário de instabilidade, agitações e revoltas populares se reconstituiu.
As autoridades provinciais (nomeadas pela regência) foram contestadas pelos cabanos e Batista Campos, em 1832, se destacou em meio as agitações. Conseguiu impor sua política ao presidente da província, Machado de Oliveira, além de fazer com que Rio Negro (Amazonas) também aderisse ao movimento.

Segunda repressão e presidência de Lobo de Souza

Afim de acabar com as agitações, a regência enviou para a província um novo presidente (Bernardo Lobo de Souza), que, logo de início, explicitou sua política repressora. Essa política acabava por estimular, e não conter, as rebeliões. Nesse momento, começou a cabanagem. Surgiram intensas movimentações populares tanto na capítal (Belém), como nas zonas rurais.

O Levante dos Cabanos

Em 6 de janeiro de 1834, houve o levante dos cabanos, que dominaram a capital, executaram o governador Lobo de Souza e as demais autoridades. Formou-se, então, o primeiro governo cabano do Pará, com Malcher (um dos líderes da cabanagem) no poder. Este, por sua vez, deixou explícita a sua fidelidade ao Imperador português e traição aos colegas, reprimindo a própria rebelião que liderara e o colocara no poder.
Simultaneamente à traição de Malcher, Francisco Pedro Vinagre (outro líder da rebelião) ganhava prestígio entre os colegas. Malcher tentou armar contra Vinagre, mas foi deposto, executado e substituído por ele.

O governo de Francisco Vinagre (segunda traição aos cabanos)

Francisco Vinagre foi outro grande traidor dos cabanos. Seguiu os passos de seu antecessor, declarando-se fiel ao imperador e se dispondo a ceder seu posto a quem fosse por ele indicado. Antônio Vinagre, irmão do presidente, colocou-se à frente dos cabanos e impediu que seu irmão negociasse diretamente com o governo imperial.
Diante dos recentes acontecimentos e temendo suas conseqüências, a regência envia tropas militares ao Pará comandadas por Manuel Jorge Rodrigues. Este assume o poder em Belém com a ajuda do próprio Francisco Vinagre.

Proclamação da república e derrota dos cabanos

Jorge Rodrigues assumiu o poder da capital, mas não pôde evitar que os cabanos, no interior, se reagrupassem com o objetivo de destituir-lhe o cargo de presidente. Unidos novamente, os cabanos retomaram a cidade de Belém. Os rebeldes proclamaram a república e cortaram suas ligações com o império.
Em 1835, organizou-se um novo governo cabano, com Angelim como presidente. Mas, no ano seguinte, foi enviado pela regência um novo presidente, o brigadeiro Francisco José de Souza Soares de Andréia. Este estava acompanhado por uma esquadra repressiva de força militar muito superior a dos cabanos, que acabaram derrotados.


O sucesso da contra-revolta gerou grande estima para Feijó, que tornou-se o “homem forte” da regência. Após conflito com restauradores e uma tentativa de golpe por parte dos moderados, Feijó acabou se demitindo, uma vez que sua medida de afastar José Bonifácio da tutoria do imperador D. Pedro II não foi aprovada pelo Senado.
Após um período de isolamento, Feijó pode voltar às disputas políticas em 1835, quando foi eleito para a Regência Uma, representando a vitória dos progressistas. Porém, na época da posse de Feijó, a Cabanagem já havia eclodido, e somada à rebelião Farroupilha e levante dos Malês, estas graves agitações colocaram o regente Feijó numa situação delicada.

Ao afirmar que “O vulcão da anarquia ameaça devorar o império”, e que era preciso “[aplicar] a tempo o remédio”, Feijó abriu espaço para um ataque da oposição regressista, que visava a interpretação do Ato Adicional, no sentido de restringir a autonomia provincial e diminuir as liberdades democráticas que acabaram gerando tais rebeliões.

Cartas descobertas na Inglaterra em 1999 – entre o embaixador da Grã-Bretanha no Brasil, e o ministro das Relações Exteriores da Grã-Bretanha à época – revelam que em 1835, o regente Feijó reuniu-se secretamente com os embaixadores da França e da Grã Bretanha, pedindo o envio de quase 800 militares destes países para o Pará, com o intuito de acabar de uma vez por todas com a rebelião.

O descobrimento destas cartas comprova o argumento de alguns historiadores de que Feijó “não sabia o que fazer com o abacaxi que era a situação no norte do país”, como apontou o diretor do Arquivo Público do Pará, Geraldo Mártires Coelho, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo em 13 de Outubro de 1999.

O ato desesperado de Feijó em solicitar intervenção internacional na luta contra a Cabanagem e o fato de esconder este pedido de maior parte das autoridades brasileiras “mostra a forma pouco ortodoxa de Feijó atuar” e como “o pedido de Feijó é mais uma comprovação da fragilidade da nação brasileira pós-Independência”.

De qualquer forma, durante a Cabanagem, tanto França quanto Grã-Bretanha mantiveram embarcações na costa do Pará como alternativa de refúgio para os comerciantes das duas nações. Entretando, nenhum dos dois países chegou a intervir diretamente no conflito.

PERSONAGENS: Os líderes

João Batista Gonçalves Campos

Conhecido como Batista Campos, foi um dos grandes líderes da Cabanagem, além de já acumular histórico na luta contra os portugueses antes mesmo da dita rebelião. Nasceu em 1782 em Barcarena (município do Pará) e acabou falecendo em 1834, por conta de uma infecção causada por um leve ferimento enquanto fazia a barba. Além de revolucionário, era cônego, jornalista e advogado. Talvez por conta de sua vocação religiosa, Batista Campos costumava benzer os pedaços de pau utilizados como armas pelos combatentes paraenses. Dentro da Cabanagem, foi um importante intelectual que coordenou a resistência ao governador da província do Pará Bernardo Lobo de Souza, e por conseguinte teve de se refugiar no interior da província. Além disso, criou os jornais “O Paraense” e “O Publicador Amazoniense”.
Anteriormente à Cabanagem, Batista Campos já traçara para si uma história de prestigio entre os cabanos e realizara manobras políticas que utilizaram essa influência como fonte de poder. Após a luta contra os portugueses pela consolidação da independência do Pará em 1823, e a estabilização provisória, foi preso e isolado pelo mercenário inglês Lorde Almirante John Pascoe Grenfell.
Em 1832, Batista Campos, após a abdicação de D. Pedro I, ganhou novamente o apoio na região do Rio Negro, e destacou-se nas agitações contra as autoridades provinciais apontadas pela regência. Chegou até a impor sua política a Machado de Oliveira, presidente da província.
Com o envio de novas autoridades repressoras, Batista Campos foi reconhecido pelos cabanos como um dos líderes do levante armado que originou a Cabanagem.

Félix Antonio Clemente Malcher

Foi um dos líderes da cabanagem. Durante o período da Cabanagem, Malcher 'traiu' seus companheiros de causa. Devido a isso foi preso. Foi morto por um dos cabanos quando seria remanejado para outra prisão em Belém. Teve como filho João Diogo Clemente Malcher que foi vereador de Belém e serve seu nome a uma das ruas do centro desta cidade. Malcher tinha fazenda na cidade de Acará, a qual escondeu membros da revolução da Cabanagem. Pelas ruínas, tem-se uma amostra do que foi o movimento no lugar. Trata-se de um ótimo sítio para pesquisas históricas e arqueológicas sobre o movimento da Cabanagem. Foi o primeiro presidente do governo cabano. Entretanto, declarou-se fiel ao imperador D. Pedro II e prometeu manter-se no poder até sua maioridade. Foi traidor da rebelião que o colocara no poder, prendendo e deportando outros líderes cabanos como o seringueiro Eduardo Nogueira Angelim e o jornalista maranhense Vicente Ferreira Lavor. Após tentar um golpe contra Francisco Vinagre, que vinha ganhando prestígio até então em seu cargo de comandante das armas, acabou sendo deposto, executado e substituído pelo próprio Francisco Vinagre.

Francisco Pedro Vinagre

Foi um dos líderes iniciais da Cabanagem, e apesar de ter sido nomeado presidente como contraponto à política anti-rebelde de Malcher, revelou-se ainda mais intenso do que o anterior ao declarar-se fiel ao governo imperial e prometer entregar o poder provincial a quem a regência indicasse.
Após ser impedido de negociar com o governo diretamente por seu irmão, Antônio Vinagre, que colocara-se à frente dos cabanos, conseguiu resistir no poder, dando início a uma nova traição: ajudou um forte grupo militar comandado por Manuel Jorge Rodriques a reprimir os cabanos e assumir o poder em Belém.

Eduardo Nogueira Angelim

Angelim, já com 19 anos, participava ativamente da política da Província. Revolucionário, partidário da Cabanagem, sendo inclusive o terceiro presidente cabano.
Resistiu até o término da Cabanagem, sendo posteriormente capturado e levado à capital do Império brasileiro. Lá foi julgado, exilado, e enterrado na capela do Engenho de Madre de Deus, na Ilha de Trambioca, em Barcarena.
Foi um importante divulgador dos ideais cabanos e falou diretamente ao povo através de proclamações que enalteciam as vitórias da rebelião. Em um de seus discursos, diz “Meus amados patrícios! Eu vos afiancei que o infame e opressor jugo estrangeiro havia de cair por terra e que seríamos os vencedores. Realizaram-se os meus bons desejos e gratas esperanças. Vós sois dignos do nome paraense! Vós todos, soldados da liberdade, estais coberto de glória pelo vosso patriotismo, valor e constância!”



PERSONAGENS: Presidentes nomeados pela Regência


Bernardo Lobo de Souza

Em 1833 Bernardo Lobo de Sousa foi nomeado governador do Pará, pela regência trina permanente e atuou de forma opressiva e autoritária. O auge da revolta foi a convocação do Exército e Armada imperial, como uma estratégia política para eliminar aqueles que "eram conhecidos por suas doutrinas subversivas, que pregavam e inoculavam no seio da população e que ameaçavam a ordem pública pela influência perigosa que exerciam entre as massas." (Antonio Raiol).Suas atitudes descontentaram a população. Em janeiro de 1835 Belém foi tomada e Bernardo Lobo de Sousa foi executado.

Manuel Jorge Rodrigues

Foi um militar e político brasileiro, além de 1° barão de Taquari . Deveria ter seguido seu pai na carreira comercial, porém preferiu entrar para o exército português em 18 de setembro de 1794. Participou com distinção de toda Guerra Peninsular, sob as ordens do marechal William Carr Beresford.Veio para o Brasil, no posto de tenente-coronel agregado à Divisão de Voluntários Reais do Rei, chegando no Rio de Janeiro em 30 de março de 1816. Participou da Guerra contra Artigas, sendo nomeado marechal em 1826. Foi comandante das armas e presidente da província do Pará, de 10 de abril a novembro de 1835. Em 1840 foi nomeado governador das armas da corte, onde permaneceu quatro anos. Após os cabanos ragruparem suas forças e marcharem sobre Belém, retomaram a cidade e expulsaram o presidente Jorge Rodrigues, que refugiou-se na Ilha de Tatuoca (litoral de Pernambuco).

Francisco José de Souza Soares de Andréia

Foi o primeiro e único Barão de Caçapava, além de militar e político luso-brasileiro. Veio para o Brasil com a família real em 1808. Comandou a brigada de engenheiros no Pará em 1817. Permaneceu no Brasil depois da independência, tendo tomado parte da Guerra Cisplatina, incluindo a batalha de Ituzaingó em 1827.
Foi Presidente das províncias: Pará, de 9 de abril de 1836 a 7 de abril de 1839, onde combateu a cabanagem; Santa Catarina em 1840; Rio Grande do Sul, em 1840, tendo derrotado nos combates de Laguna os farroupilhas liderados por Giuseppe Garibaldi; Minas Gerais, em 1843, permanecendo no cargo até 1844; Bahia, de 1844 a 1846; Rio Grande do Sul, de 1848 até 1850. Após a saída do imperador D. Pedro I do Brasil, era um importante membro da Sociedade Militar (que pregava a restauração de D. Pedro I ao poder), foi por isso perseguido, preso e teve que responder ao conselho militar.

No cargo de Marechal, foi também responsável pela comissão de demarcação dos limites fronteiriços entre o Império do Brasil e a República Oriental do Uruguai em 1854. Nesta época fundou a localidade de Santa Vitória do Palmar, no sul do Rio Grande do Sul.


MEMORIAL DA CABANAGEM

O Memorial da Cabanagem é um monumento de 15 metros de altura por 20 de comprimento, todo em concreto, erguido no complexo do entroncamento, Belém/Pa. Projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer a pedido do então governador do Pará Jader Barbalho, o monumento foi construído para compor as comemorações do sesquicentenário da Cabanagem, que aconteceu em 7 de janeiro de 1985. Esteticamente a obra pode ser definida como uma rampa elevada em direção ao céu com uma inclinação acentuada apontando para um ponto sem fim, tendo no meio uma "fratura", um pedaço do monumento que jaz no chão.
Segundo a concepção de Nyemeyer, representa a luta heróica do povo cabano, que foi um dos movimentos mais importantes de todo o Brasil. A rampa elevada em direção ao céu representa a grandiosidade da revolta popular que chegou muito perto de atingir seus objetivos e a "fratura" faz alusão à ruptura do processo revolucionário. Mas embora tenha sido sufocada, a Cabanagem permanece viva na memória do povo, por isso, o bloco continua subindo para o infinito, simbolizando que a essência, os ideais e a luta cabana continuam latentes na história do país.


BIBLIOGRAFIA:

Sites:

http://br.geocities.com/terrabrasileira/contatos/cabanagem.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cabanagem
http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Monumento_%C3%A0_cabanagem_-_projetado_por_Oscar_Niemeyer,_tirando_Bras%C3%ADlia,Bel%C3%A9m_%C3%A9_a_%C3%BAnica_cidade_do_Norte,Nordeste_e_Centro-Oeste_a_ter..jpg
http://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/cabanagem.htm
www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/cabanagem/cabanagem
http://www.geocities.com/Baja/Mesa/7068/imperio_cabanagem.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/João_Batista_Gonçalves_Campos
http://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%A9lix_Clemente_Malcher
http://www.klickeducacao.com.br/2006/enciclo/encicloverb/0,5977,POR-10040,00.html
http://www.uefs.br/nep/labirintos/edicoes/01_2008/07_artigo_maria_da_graca_gomes_de_pina.pdf http://navegadorbrasileiro.wordpress.com/2008/09/03/estado-do-amapa-%E2%80%93-a-cabanagem-em-macapa/
http://sergiobg.sites.uol.com.br/belem1.html
http://www.uefs.br/nep/labirintos/edicoes/01_2008/07_artigo_maria_da_graca_gomes_de_pina.pdf http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1310199912.htm

Livro:

História do Brasil no contexto da história ocidental: ensino médio / Luiz Koshiba, Denise Manzi Frayse Pereira. – 8. ed. rev., atual. E ampl. – São Paulo : Atual, 2003.

terça-feira, 7 de julho de 2009

O QUE É A MAÇONARIA?


1. O que é a Maçonaria de nossos dias?
A Maçonaria é uma Ordem Universal formada de homens de todas as raças, credos e nacionalidades, acolhidos por suas qualidades morais e intelectuais e reunidos com a finalidade de construírem uma Sociedade Humana, fundada no Amor Fraternal, na esperança com amor à Deus, à Pátria, à Família e ao Próximo, com Tolerância, Virtude e Sabedoria e com a constante investigação da Verdade e sob a tríade LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE, dentro dos princípios da Ordem, da Razão e da Justiça, o mundo alcance a Felicidade Geral e a Paz Universal.
2. A Maçonaria é uma sociedade secreta?
A Maçonaria não é uma sociedade secreta, no sentido como tal termo é geralmente empregado. Uma sociedade secreta é aquela que tem objetivos secretos e oculta a sua existência assim como as datas e locais de suas sessões. O objetivo e propósito da Maçonaria, suas leis, história e filosofia tem sido divulgados em livros que estão a venda em qualquer livraria. Os únicos segredos que a maçonaria conserva são as cerimônias empregadas na admissão de seus membros e os meios usados pelos Maçons para se conhecerem.
3. A Maçonaria é uma religião?
A Maçonaria não é uma religião no sentido de ser uma seita, mas é um culto que une homens de bons costumes. A Maçonaria não promove nenhum dogma que deve ser aceito taticamente por todos, mas inculca nos homens a prática da virtude, não oferecendo panacéias para a redenção de pecados. Seu credo religioso consiste apenas em dois artigos de fé que não foram inventados por homens, mas que se encontram neles instintivamente desde os mais remotos tempos da história: A existência de Deus e a Imortalidade da Alma que tem como corolário a Irmandade dos Homens sob a Paternidade de Deus.
4. A Maçonaria é anti-religiosa?
A Maçonaria não é contra qualquer religião. Ela ensina e pratica a tolerância, defendendo o direito do homem praticar a religião ed seu agrado. A Maçonaria não dogmatiza as particularides do credo e da religião. Ela reconhece os benefícios e a bondade assim como a verdade de todas as religiões, combatendo, ao mesmo tempo, as suas inverdades e o fanatismo.
5. A Maçonaria é ateísta ou meramente agnóstica?
A Maçonaria não é ateísta nem agnóstica. O ateu é aquele que diz não acreditar em Deus enquanto o agnóstico é aquele que não pode afirmar, conscientemente, se Deus existe ou não. Para ser aceito e ingressar na Maçonaria, o candidato deve afirmar a crença em Deus.
6. A Maçonaria é um partido político?
A Maçonaria não é um partido político. Ela não tem partido. Em princípio, a maçonaria apóia o amor à Pátria, respeito às leis e à Ordem, propugnando pelo aperfeiçoamento das condições humanas. Os maçons são aconselhados a se tornarem cidadãos exemplares e a se afastarem de movimentos cuja tendência seja a de subverter a paz e a ordem da sociedade, e se tornarem cumpridores das ordens e das leis do país em que estejam vivendo, sem nunca perder o dever de amar o seu próprio país. A maçonaria promove o conceito de que não pode existir direito sem a correspondente prestação de deveres, nem privilégios sem retribuição, assim como privilégios sem responsabilidade.
7. A Maçonaria é uma sociedade de auxílios mútuos?
A Maçonaria não é uma sociedade de auxílios mútuos, ela não garante à ninguém a percepção de uma soma fixa e constante a nenhum de seus membros, na eventualidade de uma desgraça ou calamidade pode reclamar tal auxílio. Entretanto, a Maçonaria se empenha para que nenhum de seus membros sofra necessidades ou seja um peso para os outros. O Maçom necessitado recebe de acordo com as condições e as possibilidades dos demais membros da Ordem.
8. A Maçonaria é uma ideologia ou um "ismo"?
A Maçonaria nem é uma ideologia, nem um "ismo". Ela não se envolve com as sutilezas da filosofia política, religiosa ou social. Mas, ela reconhece que todos os homens tem uma só origem, participam da mesma natureza e tem a mesma esperança e, por conseguinte, devem trabalhar em união para o mesmo objetivo - a felicidade e bem estar da sociedade.
9. Então o que é a Maçonaria?
A Maçonaria é uma organização mundial de homens que, utilizando-se de formas simbólicas dos antigos construtores de templos, voluntariamente se uniram para o propósito comum de se aperfeiçoarem na sociedade. Admitindo em seu seio, homens de caráter, sem consideração à sua raça, cor ou credo, a Maçonaria se esforça para constituir uma liga internacional de homens dedicados a viverem em paz, harmonia e afeição fraternal.
10. Qual é a missão da Maçonaria?
A missão da Maçonaria é a de "fazer amigos, aperfeiçoar suas vidas, dedicar-se às boas obras, promover a verdade e reconhecer seus semelhantes como homens e irmãos".
A missão da Maçonaria ainda é a prática das virtudes e da caridade, é confortar os infelizes, não voltar as costas à miséria, restaurar a paz de espírito e a paz aos desamparados e dar novas esperanças aos desesperançados.
11. A Maçonaria convida as pessoas para se filiarem a ela?
A Maçonaria não "convida" ninguém, mesmo aos mais qualificados para se tornarem um membro da Ordem. Aquele que deseja entrar para ela, deve manifestar esse desejo espontaneamente, declarando que livre e conscientemente deseja participar dela.
A Maçonaria não prende nenhum homem a juramentos incompatíveis com sua consciência o liberdade de pensar.
12. Porque a Maçonaria não inicia mulheres?
Tendo evoluído da Maçonaria Operativa que erguia templos no período da construção de catedrais, a Maçonaria adotou a antiga regulamentação que provia o seguinte: "As pessoas admitidas como membros de uma Loja devem ser homens bons e de princípios virtuosos, nascidos livres de idade madura, sem vínculos que o privem de pensar livremente, sendo vedada a admissão de mulheres assim como homens de comportamento duvidoso ou imoral.
A regularidade da maçonaria se deve ao fato de se ater aos seus princípios básicos e imutáveis regidos por mandamentos, entre os quais se inclui o que acima se disse.
13. Por que são chamados de templos os locais de reunião?
Os lugares onde os maçons se reúnem são chamados de templos porque, embora não sendo uma religião ou reunindo-se em uma igreja, a Maçonaria preserva religiosamente os direitos de cada indivíduo praticar a religião ou credo de sua preferência, mantendo-se eqüidistante das diferentes seitas ou credos. Ela ensina a todos como respeitar e tolerar as religiões diversas de seus membros.
14. A Maçonaria Universal obedece a uma autoridade máxima?
Nem mesmo em um país como os Estados Unidos que agora se compõe de 50 Estados e conta com cerca de 4 milhões de Maçons, obedece a Maçonaria a uma autoridade suprema. A Maçonaria em cada país ou em cada estado de uma Federação é regulada e dirigida por uma Grande Loja independente e soberana.

CHICO MENDES - O HOMEM DA FLORESTA...



Francisco Alves Mendes Filho, o Chico Mendes, tinha completado 44 anos no dia 15 de dezembro de 1988, uma semana antes de ter sido assassinado. Acreano, nascido no seringal Porto Rico, em Xapurí, se tornou seringueiro ainda criança, acompanhando seu pai.
Sua vida de líder sindical inicia com a fundação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia, em 1975, quando é escolhido para ser secretário geral. Em 1976, participa ativamente das lutas dos seringueiros para impedir desmatamentos através dos "empates". Organiza também várias ações em defesa da posse da terra. Em 1977, participa da fundação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, além de ter sido eleito vereador pelo MDB à Câmara Municipal local. Neste mesmo ano, Chico Mendes sofre as primeiras ameaças de morte por parte dos fazendeiros, ao mesmo tempo que começa a enfrentar vários problemas com seu próprio partido, o MDB, que não era solidário às suas lutas.
Em 1979, Chico Mendes transforma a Câmara Municipal num grande foro de debates entre lideranças sindicais, populares e religiosas, sendo por isso acusado de subversão e submetido a duros interrogatórios. Em dezembro, do mesmo ano Chico é torturado secretamente. Sem ter apoio, não tem condições de denunciar o fato.
Com o surgimento do Partido dos Trabalhadores, Chico transforma-se num de seus fundadores e dirigentes no Acre, participando de comícios na região juntamente com Lula. Ainda em 1980, Chico Mendes é enquadrado na Lei de Segurança Nacional, a pedido dos fazendeiros da região que procuravam envolvê-lo com o assassinato de um capataz de fazenda que poderia estar envolvido no assassinato de Wilson Pinheiro, presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Brasiléia.
No ano seguinte, Chico Mendes assume a direção do Sindicato de Xapuri, do qual foi presidente até o momento de sua morte. Nesse mesmo ano, Chico é acusado de incitar posseiros à violência. Sendo julgado no Tribunal Militar de Manaus, consegue livrar-se da prisão preventiva.
Nas eleições de novembro de 1982, Chico Mendes candidata-se a deputado estadual pelo PT não conseguindo eleger-se. Dois anos mais tarde é levado novamente a julgamento, sendo absolvido por falta de provas.
Em outubro de 1985, lidera o 1o Encontro Nacional dos Seringueiros, quando é criado o Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), do qual torna-se a principal referência. A partir de então, a luta dos seringueiros, sob a liderança de Chico Mendes, começa a ganhar repercussão nacional e internacional, principalmente com o surgimento da proposta de "União dos Povos da Floresta", que busca unir os interesses de índios e seringueiros em defesa da floresta amazônica propondo ainda a criação de reservas extrativistas que preservam as áreas indígenas, a própria floresta, ao mesmo tempo em que garantem a reforma agrária desejada pelos seringueiros. A partir do 2o Encontro Nacional dos Seringueiros, marcado para março de 1989, Chico deveria assumir a presidência do CNS.
Em 1987, Chico Mendes recebe a visita de alguns membros da ONU, em Xapuri, onde puderam ver de perto a devastação da floresta e a expulsão dos seringueiros causadas por projetos financiados por bancos internacionais. Dois meses depois, Chico Mendes levava estas denúncias ao Senado norte-americano e à reunião de um banco financiador, o BID. Trinta dias depois, os financiamentos aos projetos devastadores são suspensos e Chico é acusado por fazendeiros e políticos de prejudicar o "progresso" do Estado do Acre. Meses depois, Chico Mendes começa a receber vários prêmios e reconhecimentos, nacionais e internacionais, como uma das pessoas que mais se destacaram naquele ano em defesa da ecologia, como por exemplo o prêmio "Global 500", oferecido pela própria ONU.
Durante o ano de 1988, Chico Mendes, cada vez mais ameaçado e perseguido, principalmente por ações organizadas após a instalação da UDR no Acre, continua sua luta percorrendo várias regiões do Brasil, participando de seminários, palestras e congressos, com o objetivo de denunciar a ação predatória contra a floresta e as ações violentas dos fazendeiros da região contra os trabalhadores de Xapuri. Por outro lado, Chico participa da realização de um grande sonho: a implantação das primeiras reservas extrativistas criadas no Estado do Acre, além de conseguir a desapropriação do Seringal Cachoeira, de Darly Alves da Silva, em Xapuri.
A partir daí, agravam-se as ameaças de morte, como o próprio Chico chegou a denunciar várias vezes, ao mesmo tempo em que deixava claro para as autoridades policiais e governamentais que corria risco de vida e que necessitava de garantias, chegando inclusive a apontar os nomes de seus prováveis assassinos.
No 3o Congresso Nacional da CUT, Chico Mendes volta a denunciar esta situação, juntamente com a de vários outros trabalhadores rurais de todas a partes do país. A situação é a mesma, a violência criminosa tem a mão da UDR de norte a sul do Brasil. No mesmo Concut, Chico Mendes defende a tese apresentada pelo Sindicato de Xapuri, "Em Defesa dos Povos da Floresta", aprovada por aclamação por cerca de 6 mil delegados presentes. Ao final do Congresso, ele é eleito suplente da direção nacional da CUT.
Em 22 de dezembro de 1988, Chico Mendes é assassinado na porta de sua casa. Chico era casado com lIzamar Mendes e deixa dois filhos, Sandino, de 2 anos, e Elenira, 4.
*Publicado na Revista "Chico Mendes" pelo STR de Xapuri, CNS e CUT em janeiro de 1989

THOMAS MUNTZER - O TEÓLOGO DA REVOLUÇÃO

RESENHA: THOMAS MÜNTZER, TEÓLOGO DA REVOLUÇÃO. ERNST BLOCH.
Patrícia Matos de Mello.

Principais propostas de Thomas Müntzer e as repercussões do anabatismo.

A obra de Ernst Bloch tem bastante importância por ter a proposta de contribuir para um campo pouco explorado pela historiografia: a vida de Thomas Müntzer e suas considerações teológicas. Como Bloch aponta no início de seu livro, o tema é pouco abordado devido à escassez de fontes e, assim, fala apenas resumidamente sobre o nascimento de Müntzer e sobre sua vida antes de assumir sua missão teológica ou revolucionária. Portanto Bloch concentra sua análise a partir do momento em que Müntzer inicia sua pregação.

Müntzer fazia parte de um contexto histórico marcado pela crise do antigo sistema feudal e pela transição para nova forma de organização da sociedade com o advento das cidades e o desenvolvimento do capitalismo. Ligado ao mundo da aldeia, Müntzer organiza suas propostas entorno dos problemas vividos por ele e pelos camponeses em geral. Uma das principais questões de sua formulação teológica é a igualdade. Através do sacrifício de Cristo na cruz todos os homens se tornaram iguais perante Deus e livres do “jugo do pecado”. Com base nisso, Müntzer coloca no mesmo patamar tanto os senhores como os servos e é criticado por Lutero, uma vez que estaria reduzindo a liberdade a algo meramente carnal. Esse traço do pensamento de Müntzer (associado ao lema "omnia sunt communia") foi interpretado por alguns como uma formulação pré-socialista. No entanto, o que está em questão é algo muito diferente do socialismo do século XIX e no máximo pode-se dizer que isso se refere ao comunismo primitivo do início dos séculos da Era Comum e à preocupação em se viver, em todos os sentidos, segundo a natureza humana do Filho de Deus.

As reformas religiosas do século XVI, para além das preocupações doutrinárias, reinterpretam a relação do homem com Deus e a relação dos homens entre si. Nesse sentido, é fundamental pensar a questão do livre arbítrio. Ao se aceitar a tese do livre arbítrio, confere-se ao homem o poder de escolha e de intervenção no seu próprio destino e nega-se, portanto, a onipotência divina. Para Müntzer é importante sustentar essa tese, pois toda sua proposta se concentra na alteração da realidade da vida na aldeia através da atuação do homem e não através da intervenção milagrosa da onipotência divina (muito embora os sinais de Deus que garantissem o apoio e vitória à causa fossem importantes). Esse é um grande ponto de divergência entre Müntzer e Lutero, já que, o segundo, ao negar a existência do livre arbítrio (e sustentar a tese do servo arbítrio) transfere todo o poder a Deus, que predetermina todas as coisas. Ligado a isso, Lutero ainda defende a idéia de vocação, de um chamado ao qual cada um deve responder ao longo de sua vida e, nesse sentido, prende o homem cristão à realidade em que vive e restringe seu campo de atuação à esfera meramente espiritual.

Ernst Bloch expõe as principais características da teologia luterana, da católica e trata bem superficialmente da doutrina calvinista. O autor aborda também o alcance do movimento anabatista não só na Alemanha, mas ainda na Hungria, na Ucrânia, no Missouri, na Holanda, na França etc. Todavia, o fator fundamental para o posterior sucesso do movimento iniciado por Müntzer foi justamente a alteração de suas propostas iniciais. Menno Simons foi o responsável pela renovação do anabatismo, que consistiu na incorporação de elementos de orientação calvinista. Essa doutrina menonita teve repercussão inclusive na Inglaterra em 1648 no movimento dos levellers e dos diggers com os ideais milenaristas do quinto Império universal, já defendido por Müntzer. Essa fusão de elementos teológicos diversos e contraditórios nos faz pensar sobre o papel da religião num mundo onde Deus ainda não foi morto, pelo contrário, está vivo, fala e atua através dos novos profetas, (seja para garantir a igualdade, a liberdade e o estabelecimento da Jerusalém terrestre em Müntzer, seja para garantir o cumprimento da vocação de cada homem e conferir a salvação aos eleitos em Lutero) e, o mais importante, nos permite refletir sobre os limites tênues entre religião e política, pelo menos nesse momento.