quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

AS REVOLUÇÕES DO SÉCULO XX

As Épocas e Etapas da Luta de Classes
Quando se produzem as revoluções sociais? Por que ocorrem essas mudanças bruscas, abruptas e
violentas, geralmente sangrentas, nas classes sociais e no estado?
Como vimos, a lei fundamental que move a espécie humana é o desenvolvimento das forças produtivas,
isto é, o avanço da capacidade humana de explorar, cada vez mais e melhor, a natureza, através das
ferramentas e da tecnologia, melhorando continuamente as condições de vida da humanidade. Nesse
avanço vão acontecendo revoluções, com a descoberta ou invenção de novas ferramentas e técnicas, que
permitem explorar mais facilmente as matérias primas oferecidas pela natureza e, inclusive, permitem que
certos recursos naturais que não eram usados como matéria-prima para a produção, passem a sê-lo (por
exemplo o urânio, que antes das descobertas da física e da tecnologia nuclear não servia para produzir
nada).
Esse desenvolvimento das forças produtivas, quando chega a um determinado ponto, choca-se com a
estrutura social existente, ou seja, com as classes em que a sociedade está dividida nesse momento e com
as relações entre elas. Choca-se também com a superestrutura dessa sociedade, com o estado que se
encarrega de manter igual à estrutura de classes, mantendo o domínio e a opressão da classe exploradora
sobre a classe exploradora. Um bom exemplo disso é o desenvolvimento da produção capitalista nas
cidades independentes na sociedade feudal. Enquanto a produção permanece limitada, a estrutura social
feudal não impede que as relações de produção capitalistas se desenvolvam. Mas quando se desenvolve a
manufatura, que já é capaz de produzir numa escala relativamente ampla, a estrutura feudal torna-se um
entrave para a produção continuar se desenvolvendo. Uma força produtiva - a manufatura - capaz de
produzir muito mais que a oficina artesanal, precisa de um mercado amplo para vender essa produção.
Mas a estrutura dos feudos - pequenas unidades que consomem pouco e onde o senhor feudal estabelece
uma alfândega e cobra impostos de quem vier vender em seu feudo - choca-se violentamente com essa
força produtiva. Por isso, a unidade nacional, isto 6, construir uma nação sem alfândegas internas, um
grande mercado livre de entraves - será um dos grandes objetivos do capitalismo.
Para conseguir isso, precisa destruir a classe feudal. E para isso precisa destruir o catado feudal e,
fundamentalmente, os exércitos feudais que defendem, com armas, essa classe.
Também precisa destruir a velha classe oprimida, os servos. A produção capitalista precisa de
trabalhadores livres, que produzem em troca de um salário e se desloquem para onde os capitalistas
precisem. Se hoje eles ganham muito dinheiro fabricando chapéus, precisam de operários para fazer
chapéus, mas se amanhã ganharem mais dinheiro produzindo canos, precisam que os operários se
desloquem para a fábrica de carros. Um servo, atado à terra, que não pode sair dela, não serve para essa
produção e, também, não serve como consumidor, ou seja, para ampliar qualitativamente o mercado. Por
isso, outro grande objetivo da burguesia foi abolir a servidão. Mas, para isso, precisam liquidar os
senhores feudais e o estado que os defendia.
Assim, para poder avançar na produção capitalista, que era um enorme salto revolucionário no
desenvolvimento das forças produtivas, em comparação à produção feudal, a nova classe progressiva, a
burguesia, precisava destruir as classes e as relações fundamentais da sociedade, e impor como base da
sociedade as novas classes com suas novas relações: a burguesia e o proletariado. Se não tivessem
conseguido tal coisa, as forças produtivas da humanidade teriam parado, estancado, porque nunca se
chegaria à grande indústria se não houvesse um grande mercado nacional e uma enorme massa de
trabalhadores livres para servir como mão-de-obra.
Quando se produz esse choque entre o desenvolvimento das forças produtivas e a velha estrutura social,
abre-se para a humanidade uma época revolucionária. É uma época de grandes convulsões, na qual as
novas classes progressistas lutam contra a velha classe exploradora que já não serve para nada e que freia
todo o desenvolvimento. (Na história nem sempre ocorrem essas épocas revolucionárias. Houve
sociedades, como o mundo antigo ou escravista, que frearam o desenvolvimento das forças produtivas
mas não foram revolucionadas por classes mais avançadas. Nesses casos, o velho sistema decai, degenera,
e toda a sociedade retrocede.)
Entre grandes épocas revolucionárias há épocas que não são revolucionárias. Enquanto a estrutura de
classes e sua superestrutura estatal permitem o desenvolvimento das forças produtivas - mesmo havendo
contradições - a sociedade vive uma época não revolucionária, de equilíbrio reformista.
Sob o sistema capitalista, por exemplo, deram-se grandes saltos ou revoluções nas forças produtivas.
Passou-se, por exemplo, da energia hidráulica para mover as máquinas, ou do vento para mover as
embarcações, ou dos cavalos para mover os carros, ao vapor, à energia elétrica, aos motores a explosão.
Mas esses avanços nas forças produtivas não se chocavam com a estrutura social e o estado capitalista.
Pelo contrário, o capitalismo os incorporava instantaneamente e os levava asca máximo desenvolvimento
e aplicação. Era uma época de auge da sociedade capitalista, de harmonia entre o desenvolvimento das
forças produtivas e a estrutura social e seu estado.
Quando se entra numa época revolucionária, em geral, a solução da contradição começa pela
superestrutura, pelo estado. A nova classe progressiva luta para destruir o aparato de poder e de governo
da velha classe que já é regressiva. Se não lhe tomar o poder não pode mudar totalmente a estrutura social
anterior. Se a burguesia não destruísse, primeiro, os exércitos feudais e todo o aparato feudal, não podia
impor a unidade (o mercado) nacional, nem libertar os servos para se tornarem operários.
Só depois de destruir ø estado feudal,tomar o poder e construir seu próprio estado, com seu próprio
exército, suas próprias instituições de governo e suas próprias reis, 6 que a burguesia pôde libertar os
servos, abolir as alfândegas internas, eliminar a forma feudal de propriedade da terra e transformá-la em
capitalista, etc. Ou seja, só depois de conquistar a superestrutura, o estado, é que a burguesia pôde levar
até o fim o seu objetivo de transformar toda a sociedade numa sociedade capitalista

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