quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
A HISTÓRIA NO VESTIBULAR DA UEPA
UMA DAS ANALISES QUE DEVE SER FEITA AO ESTUDAR HISTÓRIA PARA O VESTIBULAR DA UEPA, É SOBRE A QUESTÃO DOS EIXOS TEMÁTICOS QUE ELA PROPOE AO ALUNO. A FORMULA CERTA PARA SE ESTUDAR HISTÓRIA PARA VESTIBULAR NAO CONTEMPLA DATA E NOMES E SIM A COMPREENSÃO DOS PROCESSOS HISTÓRICOS, SEJAM DE MUDANÇAS NO MUNDO DO TRABALHO OU NO MEIO AMBIENTE...
A ÉPOCA DA REVOLUÇÃO SOCIALISTA INTERNACIONAL
Com a guerra imperialista de 1914-18, fica claro que havia terminado a época progressista de
desenvolvimento e enriquecimento da sociedade, sob o sistema capitalista. As forças produtivas deixam
de crescer.
A partir de então, entramos na época histórica em que vivemos até hoje: uma época de decadência e
empobrecimento cada vez maiores da sociedade humana, cruzada por guerras terríveis, que destroem
homens e forças produtivas de forma massiva, ao mesmo tempo que é a época de maior desenvolvimento
da técnica.
Chega ao fim a época anterior, de tipo reformista. Daqui por diante, o proletariado e todos os explorados
vêem-se necessitados de fazer revoluções e guerras civis para acabar com o sistema capitalista em
decomposição, quer dizer, imperialista.
Começa a época das revoluções anticapitalistas, operárias ou socialistas. É também a época das contrarevoluções
burguesas. A primeira revolução operária triunfante, que inaugura esta nova época, é a
Revolução Russa de 1917. Com ela começa a revolução socialista mundial. Isto significa que, pela
primeira vez na história, o processo revolucionário não é uma soma de revoluções, e sim um só processo
de enfrentamento da revolução e da contra-revolução, à escala de todo o planeta, sendo as revoluções
nacionais episódios importantes deste enfrentamento mundial.
Estudando o desenvolvimento da Revolução Russa de Outubro, o marxismo revolucionário definiu o que
se convencionou chamar uma revolução "clássica". Isto nos obriga a pararmos para definir, em grandes
traços, suas distintas etapas e os fenômenos que nela ocorreram, para, depois, tomá-los como ponto de
referência, comparando-os com outras revoluções que aconteceram mais tarde e que tiveram
características distintas.
A Revolução Russa
A revolução russa se deu atrav6s de vários fenômenos ou acontecimentos. Entre eles, nos ocorridos na
revolução dc fevereiro se combinam características de fundamental importância.
a) A revolução de Fevereiro:
Resumindo, a revolução de fevereiro se caracteriza pelo seguinte:
Primeiro, é uma mobilização operária e popular urbana, de caráter insurrecional, sem ireção partidária,
embora os operários de vanguarda, em especial os educados pelos bolcheviques, cumpram um papel de
direção.
Segundo, essa mobilização urbana não derrota as forças armadas, mas somente provoca uma profunda
crise em seu seio.
Teceira, por seu objetivo imediato, pela tarefa histórica que cumpre, é uma revolução democráticoburguesa,
já que derruba o czar para instaurar um regime democráticoburguês.
Quarto, essa revolução democrático-burguesa é parte da revolução socialista internacional: mais
concretamente, é parte fundamental da luta do proletariado mundial para transformar a guerra imperialista
em guerra civil.
Quinto, também 6 parte da revolução.socialista na própria Rússia, já que o poder do czar não era só o dos
latifundiários, mas também em grande parte, era o poder da própria burguesia que havia pactuado com o
czar.
Sexto, também era parte da revolução socialista na Rússia porque a classe que havia derrotado o czar era a
classe operária como condutora do povo, principalmente dos soldados.
Sétimo, também era socialista porque os trabalhadores e o povo somente poderiam solucionar os
problemas diários que os angustiavam se enfrentassem de forma imediata os latifundiários e capitalistas,
que, com a queda do czar, tinham se transformado em inimigos imediatos e diretos dos trabalhadores.
Oitavo, tudo isso significava que a revolução de fevereiro colocava na ordem do dia a tarefa estratégica de
fazer uma revolução socialista nacional e internacional, na medida em que os explorados continuariam
sendo explorados se o processo revolucionário se detivesse na revolução de fevereiro e nas fronteiras
nacionais, quer dizer, se continuasse existindo um poder burguês.
Nono, os trabalhadores não eram conscientes de que a revolução que realizaram era socialista nos
aspectos que assinalamos e que exige, portanto, avançar até a tomada do poder pela classe operária.
Depois de fevereiro, os trabalhadores acreditavam que não era necessário fazer outra revolução. Por isso,
como Trotsky, chamamos de revolução inconsciente à de fevereiro.
Décimo, os partidos reformistas que dirigem o movimento operário e de massas, não satisfeitos em
defender o regime burguês e de compor um governo com a burguesia, inculcam no movimento de massas
o respeito ao regime burguês e combatem duramente a luta por levar a cabo a revolução socialista, com o
pretexto de que a revolução de fevereiro será toda uma época (ou seja, que o regime democrático burguês
poderia durar muito tempo), até que se possa colocar a revolução socialista (somente quando a Rússia
fosse um grande país capitalista); e que portanto a sua primeira tarefa era desenvolver o capitalismo.
b) O poder dual:
Como produto do triunfo da revolução de fevereiro, surge um regime absolutamente diferente do
czarismo, com amplíssimas liberdades democráticas, assentado num exército em crise e,
fundamentalmente, nos partidos pequeno-burgueses que dirigem o movimento de massas. Desaparece a
instituição monárquica czarista e passam a jogar um papel central, como instituição de governo, os
partidos operários e populares dirigidos pela pequena burguesia. Devido ao ascenso revolucionário, esse
regime é extremamente débil. A Terceira Internacional o definiu como um regime kerenskista, porque foi
Kerensky quem simbolizou suas diversas etapas.
Essa profunda revolução no regime político não se refletiu no caráter do estado, que continuava sendo um
instrumento da burguesia e dos latifundiários. Não se deu uma mudança nas classes que detinham o poder
estatal.
Mas, de qualquer maneira, se deu uma situação extremamente crítica em relação ao estado, que já se havia
dado em outras oportunidades, mas que na Rússia, depois de fevereiro de 1917, adquiriu um caráter
dramático. Abre-se uma etapa de subsistência do estado burguês, porém completamente em crise. Essa
crise é conseqüência do fato que o movimento operário e de massas, através de suas próprias instituições,
mandava, tinha poder em muitos setores da sociedade, tanto ou mais poder que o estado burguês. Os
órgãos de luta e de poder do movimento de massas foram os sovietes de operários, camponeses e
soldados, os sindicatos, os comitês de fábrica. Os sovietes eram organismos de poder "de fato". Em alguns
lugares, o povo fazia o que o soviete ordenava, não o que ordenava o governo. Em outros lugares, era o
contrário. Por isso o chamamos de poder dual ou duplo poder. Isto era dinâmico, mudava. Porém, tomado
de conjunto, o poder mais forte, quase dominante, eram os sovietes, não o governo burguês.
O poder soviético se assentava na crise do estado burguês, fundamentalmente na profunda crise das forças
armadas, em que os soldados não acatavam as ordens e desertavam aos milhares da frente de combate.
Diante desse estado semidestruído, o poder dominante era o operário, camponês e dos soldados.
Definimos o kerenskismo e o poder dual como um regime porque é uma combinação, embora muito
instável, de distintas instituições: o governo, a cúpula militar e os partidos burgueses e pequeno-burgueses
por um lado, e por outro, os sovietes e outras organizações operárias e populares.
O poder da burguesia vinha também dos próprios sovietes, porém de forma indireta, através de sua
direção. Os socialistas revolucionários e mencheviques tinham a maioria nos sovietes e convenciam os
operários, camponeses e soldados de que tinham que apoiar o governo burguês.
c) O golpe de Kornilov:
No transcurso da revolução russa ocorre, pela primeira vez na história (com a única exceção da repressão
à Comuna de Paris) um golpe contra-revolucionário de tipo burguês, capitalista. Houve quem opinasse
que o golpe de Kornilov era pró-czarista, a serviço dos latifundiários feudais. Trotsky polemizou contra
eles, insistindo em que era um golpe claramente pr&capitalista e contra-revolucionário, não pró-feudal.
Esse golpe, que nao triunfou, prenuncia futuros golpes da contra-revolução burguesa que mais tarde,
desgraçadamente, triunfaram: o de Mussolini, Chiang Kai Chek, Hitler e Franco.
Com Komrnilov surge, pois, um novo tipo de contra-revolução: a contra-revolução fascista,burguesa, não
feudal.
O golpe de Kornilov é derrotado pela mobilização da classe operária e de todos os partidos que se
reivindicam dos trabalhadores, que se unem para enfrentá-lo. Os bolcheviques mudam a sua tática. Até
então, vinham centrando todos os seus ataques contra Kerensky e colocando que devia ser derrotado e que
os sovietes deviam tomar o poder. Porém, quando Kornilov ataca, definem que esse golpe é o grande
perigo contra-revolucionário e chamam à unidade de todos os partidos operários e populares, em primeiro
lugar ao próprio Kerensky, para combater, de armas na mão, a contra-revolução de Kornilov. Passam a
um segundo plano os ataques a Kerensky. Deixam de exigir sua derrubada de forma imediata, como
tinham feito até então. Agora, denunciam Kerensky porque é incapaz de fazer uma luta revolucionária
conseqüente, apelando para medidas anticapitalistas audazes, de transição, para derrotar Kornilov.
d) O governo operário e camponês:
Para essa etapa da revolução, Lênin e Trotsky levantaram uma possibilidade política e uma palavra-deordem:
que os partidos reformistas (socialista-revolucionário e mencheviques) tomassem o poder, como
direção indiscutível dos sovietes. Tratava-se de fazer uma revolução que mudasse o caráter do estado,
construindo um novo sobre a base de instituições soviéticas. Se os partidos reformistas aceitassem a
proposta de Lênin, essa revolução seria pacifica. Ao mesmo tempo, se os reformistas o fizessem, os
bolcheviques se comprometiam a não apelar para a luta violenta para derrotá-los e sim para a luta pacifica
dentro dos sovietes, para tentar conquistar a maioria, e converter-se no partido governante desse novo
estado, o estado operário soviético. Essa política de Lênin e Trotsky foi rechaçada pelos partidos
reformistas, que se negaram a levar os sovietes ao poder.
Essa reivindicação ficou como uma hipótese teórica de amplas perspectivas para o futuro das lutas
revolucionárias, embora acreditemos que levou a algumas confusões sobre o desenvolvimento e o caráter
dessa política e o tipo de estado que surgiria se tivesse êxito.
e) A revolução de Outubro
Foi uma insurreição dirigida e organizada pelo partido operário marxista revolucionário, os bolcheviques.
Ganharam a maioria dos sovietes e os dirigiram a fazer uma revolução contra Kerensky, quer dizer, contra
o regime de fevereiro e seu governo, e fizeram com que os sovietes tomassem o poder. Foi definida por
Trotsky como a revolução consciente. Desta forma, mudaram o caráter do estado. Ao contrário da
revolução de fevereiro, com esta revolução não foi apenas o regime político que mudou, mas também o
caráter do estado: deixa de ser um estado a serviço da burguesia e nasce um estado da classe operária
apoiada nos camponeses e nos soldados. Não é uma revolução somente política, como a de fevereiro, mas
uma revolução social.
Como toda revolução social, a de outubro também é uma revolução política, porque inaugura um novo
tipo de regime, quer dizer, mudam totalmente as instituições que governam. Até outubro, governavam os
partidos burgueses e pequeno-burgueses reformistas, apoiando-se no exército burguês em crise. A partir
de outubro, desaparecem o exército e a polida da burguesia e deixam de governar os partidos burgueses e
pequeno-burgueses reformistas. Começa a dirigir o estado uma instituição ultra-demócratica e que
organizava o conjunto dos explorados: os sovietes de operários, camponeses e soldados. À frente destes
novos organismos ou instituições do Estado se coloca o partido bolchevique, que era um partido
revolucionário, internacionalista e também profundamente democrático, onde se discutia tudo através de
tendências, frações ou individualmente, e praticamente nada se votava por unanimidade.
f) A revolução econômico-social:
Cerca de um ano depois da revolução de outubro, se realiza a expropriação da burguesia. Foi uma medida
defensiva do~regime soviético, diante da sabotagem econômica dos donos das empresas industriais.
Embora a expropriação não seja produto de nenhuma mudança no caráter do Estado e do regime político,
que continua sendo o poder da classe operária e do povo (Estado)dirigidos pelos sovietes acaudilhados
pelo partido bolchevique (regime), é a grande revolução, porque transforma repentinamente as relações
sociais de produção. A partir da expropriação e estatização das indústrias, desaparece a burguesia como
classe social e se instaura a economia nacionalizada, planificada e operária.
Esta revolução, a mais importante de todas, embora não se dê na esfera política e sim na econômica, se
denomina revolução econômico-social. É a mudança total do caráter da economia.
g) A guerra civil:
É o enfrentamento final, armado, entre o proletariado e a burguesia. Esta, em unidade com o imperialismo
mundial, tenta fazer uma contra-revolução para reinstalar os burgueses e senhores de terra na propriedade
e no poder do Estado, e é derrotada. Durante meses e meses, se enfrentam um conjunto de exércitos
reacionários, contra-revolucionários, ligados aos diferentes imperialismos e a intervenção de fato de 21
países capitalistas, contra o exército vermelho. A guerra civil é a expressão da luta de classes, com
enfrentamentos entre territórios e exércitos inimigos, que refletem classes diferentes. Só depois da guerra
civil pode-se dizer que surgiu um governo unitário para toda a U.R.S.S.
desenvolvimento e enriquecimento da sociedade, sob o sistema capitalista. As forças produtivas deixam
de crescer.
A partir de então, entramos na época histórica em que vivemos até hoje: uma época de decadência e
empobrecimento cada vez maiores da sociedade humana, cruzada por guerras terríveis, que destroem
homens e forças produtivas de forma massiva, ao mesmo tempo que é a época de maior desenvolvimento
da técnica.
Chega ao fim a época anterior, de tipo reformista. Daqui por diante, o proletariado e todos os explorados
vêem-se necessitados de fazer revoluções e guerras civis para acabar com o sistema capitalista em
decomposição, quer dizer, imperialista.
Começa a época das revoluções anticapitalistas, operárias ou socialistas. É também a época das contrarevoluções
burguesas. A primeira revolução operária triunfante, que inaugura esta nova época, é a
Revolução Russa de 1917. Com ela começa a revolução socialista mundial. Isto significa que, pela
primeira vez na história, o processo revolucionário não é uma soma de revoluções, e sim um só processo
de enfrentamento da revolução e da contra-revolução, à escala de todo o planeta, sendo as revoluções
nacionais episódios importantes deste enfrentamento mundial.
Estudando o desenvolvimento da Revolução Russa de Outubro, o marxismo revolucionário definiu o que
se convencionou chamar uma revolução "clássica". Isto nos obriga a pararmos para definir, em grandes
traços, suas distintas etapas e os fenômenos que nela ocorreram, para, depois, tomá-los como ponto de
referência, comparando-os com outras revoluções que aconteceram mais tarde e que tiveram
características distintas.
A Revolução Russa
A revolução russa se deu atrav6s de vários fenômenos ou acontecimentos. Entre eles, nos ocorridos na
revolução dc fevereiro se combinam características de fundamental importância.
a) A revolução de Fevereiro:
Resumindo, a revolução de fevereiro se caracteriza pelo seguinte:
Primeiro, é uma mobilização operária e popular urbana, de caráter insurrecional, sem ireção partidária,
embora os operários de vanguarda, em especial os educados pelos bolcheviques, cumpram um papel de
direção.
Segundo, essa mobilização urbana não derrota as forças armadas, mas somente provoca uma profunda
crise em seu seio.
Teceira, por seu objetivo imediato, pela tarefa histórica que cumpre, é uma revolução democráticoburguesa,
já que derruba o czar para instaurar um regime democráticoburguês.
Quarto, essa revolução democrático-burguesa é parte da revolução socialista internacional: mais
concretamente, é parte fundamental da luta do proletariado mundial para transformar a guerra imperialista
em guerra civil.
Quinto, também 6 parte da revolução.socialista na própria Rússia, já que o poder do czar não era só o dos
latifundiários, mas também em grande parte, era o poder da própria burguesia que havia pactuado com o
czar.
Sexto, também era parte da revolução socialista na Rússia porque a classe que havia derrotado o czar era a
classe operária como condutora do povo, principalmente dos soldados.
Sétimo, também era socialista porque os trabalhadores e o povo somente poderiam solucionar os
problemas diários que os angustiavam se enfrentassem de forma imediata os latifundiários e capitalistas,
que, com a queda do czar, tinham se transformado em inimigos imediatos e diretos dos trabalhadores.
Oitavo, tudo isso significava que a revolução de fevereiro colocava na ordem do dia a tarefa estratégica de
fazer uma revolução socialista nacional e internacional, na medida em que os explorados continuariam
sendo explorados se o processo revolucionário se detivesse na revolução de fevereiro e nas fronteiras
nacionais, quer dizer, se continuasse existindo um poder burguês.
Nono, os trabalhadores não eram conscientes de que a revolução que realizaram era socialista nos
aspectos que assinalamos e que exige, portanto, avançar até a tomada do poder pela classe operária.
Depois de fevereiro, os trabalhadores acreditavam que não era necessário fazer outra revolução. Por isso,
como Trotsky, chamamos de revolução inconsciente à de fevereiro.
Décimo, os partidos reformistas que dirigem o movimento operário e de massas, não satisfeitos em
defender o regime burguês e de compor um governo com a burguesia, inculcam no movimento de massas
o respeito ao regime burguês e combatem duramente a luta por levar a cabo a revolução socialista, com o
pretexto de que a revolução de fevereiro será toda uma época (ou seja, que o regime democrático burguês
poderia durar muito tempo), até que se possa colocar a revolução socialista (somente quando a Rússia
fosse um grande país capitalista); e que portanto a sua primeira tarefa era desenvolver o capitalismo.
b) O poder dual:
Como produto do triunfo da revolução de fevereiro, surge um regime absolutamente diferente do
czarismo, com amplíssimas liberdades democráticas, assentado num exército em crise e,
fundamentalmente, nos partidos pequeno-burgueses que dirigem o movimento de massas. Desaparece a
instituição monárquica czarista e passam a jogar um papel central, como instituição de governo, os
partidos operários e populares dirigidos pela pequena burguesia. Devido ao ascenso revolucionário, esse
regime é extremamente débil. A Terceira Internacional o definiu como um regime kerenskista, porque foi
Kerensky quem simbolizou suas diversas etapas.
Essa profunda revolução no regime político não se refletiu no caráter do estado, que continuava sendo um
instrumento da burguesia e dos latifundiários. Não se deu uma mudança nas classes que detinham o poder
estatal.
Mas, de qualquer maneira, se deu uma situação extremamente crítica em relação ao estado, que já se havia
dado em outras oportunidades, mas que na Rússia, depois de fevereiro de 1917, adquiriu um caráter
dramático. Abre-se uma etapa de subsistência do estado burguês, porém completamente em crise. Essa
crise é conseqüência do fato que o movimento operário e de massas, através de suas próprias instituições,
mandava, tinha poder em muitos setores da sociedade, tanto ou mais poder que o estado burguês. Os
órgãos de luta e de poder do movimento de massas foram os sovietes de operários, camponeses e
soldados, os sindicatos, os comitês de fábrica. Os sovietes eram organismos de poder "de fato". Em alguns
lugares, o povo fazia o que o soviete ordenava, não o que ordenava o governo. Em outros lugares, era o
contrário. Por isso o chamamos de poder dual ou duplo poder. Isto era dinâmico, mudava. Porém, tomado
de conjunto, o poder mais forte, quase dominante, eram os sovietes, não o governo burguês.
O poder soviético se assentava na crise do estado burguês, fundamentalmente na profunda crise das forças
armadas, em que os soldados não acatavam as ordens e desertavam aos milhares da frente de combate.
Diante desse estado semidestruído, o poder dominante era o operário, camponês e dos soldados.
Definimos o kerenskismo e o poder dual como um regime porque é uma combinação, embora muito
instável, de distintas instituições: o governo, a cúpula militar e os partidos burgueses e pequeno-burgueses
por um lado, e por outro, os sovietes e outras organizações operárias e populares.
O poder da burguesia vinha também dos próprios sovietes, porém de forma indireta, através de sua
direção. Os socialistas revolucionários e mencheviques tinham a maioria nos sovietes e convenciam os
operários, camponeses e soldados de que tinham que apoiar o governo burguês.
c) O golpe de Kornilov:
No transcurso da revolução russa ocorre, pela primeira vez na história (com a única exceção da repressão
à Comuna de Paris) um golpe contra-revolucionário de tipo burguês, capitalista. Houve quem opinasse
que o golpe de Kornilov era pró-czarista, a serviço dos latifundiários feudais. Trotsky polemizou contra
eles, insistindo em que era um golpe claramente pr&capitalista e contra-revolucionário, não pró-feudal.
Esse golpe, que nao triunfou, prenuncia futuros golpes da contra-revolução burguesa que mais tarde,
desgraçadamente, triunfaram: o de Mussolini, Chiang Kai Chek, Hitler e Franco.
Com Komrnilov surge, pois, um novo tipo de contra-revolução: a contra-revolução fascista,burguesa, não
feudal.
O golpe de Kornilov é derrotado pela mobilização da classe operária e de todos os partidos que se
reivindicam dos trabalhadores, que se unem para enfrentá-lo. Os bolcheviques mudam a sua tática. Até
então, vinham centrando todos os seus ataques contra Kerensky e colocando que devia ser derrotado e que
os sovietes deviam tomar o poder. Porém, quando Kornilov ataca, definem que esse golpe é o grande
perigo contra-revolucionário e chamam à unidade de todos os partidos operários e populares, em primeiro
lugar ao próprio Kerensky, para combater, de armas na mão, a contra-revolução de Kornilov. Passam a
um segundo plano os ataques a Kerensky. Deixam de exigir sua derrubada de forma imediata, como
tinham feito até então. Agora, denunciam Kerensky porque é incapaz de fazer uma luta revolucionária
conseqüente, apelando para medidas anticapitalistas audazes, de transição, para derrotar Kornilov.
d) O governo operário e camponês:
Para essa etapa da revolução, Lênin e Trotsky levantaram uma possibilidade política e uma palavra-deordem:
que os partidos reformistas (socialista-revolucionário e mencheviques) tomassem o poder, como
direção indiscutível dos sovietes. Tratava-se de fazer uma revolução que mudasse o caráter do estado,
construindo um novo sobre a base de instituições soviéticas. Se os partidos reformistas aceitassem a
proposta de Lênin, essa revolução seria pacifica. Ao mesmo tempo, se os reformistas o fizessem, os
bolcheviques se comprometiam a não apelar para a luta violenta para derrotá-los e sim para a luta pacifica
dentro dos sovietes, para tentar conquistar a maioria, e converter-se no partido governante desse novo
estado, o estado operário soviético. Essa política de Lênin e Trotsky foi rechaçada pelos partidos
reformistas, que se negaram a levar os sovietes ao poder.
Essa reivindicação ficou como uma hipótese teórica de amplas perspectivas para o futuro das lutas
revolucionárias, embora acreditemos que levou a algumas confusões sobre o desenvolvimento e o caráter
dessa política e o tipo de estado que surgiria se tivesse êxito.
e) A revolução de Outubro
Foi uma insurreição dirigida e organizada pelo partido operário marxista revolucionário, os bolcheviques.
Ganharam a maioria dos sovietes e os dirigiram a fazer uma revolução contra Kerensky, quer dizer, contra
o regime de fevereiro e seu governo, e fizeram com que os sovietes tomassem o poder. Foi definida por
Trotsky como a revolução consciente. Desta forma, mudaram o caráter do estado. Ao contrário da
revolução de fevereiro, com esta revolução não foi apenas o regime político que mudou, mas também o
caráter do estado: deixa de ser um estado a serviço da burguesia e nasce um estado da classe operária
apoiada nos camponeses e nos soldados. Não é uma revolução somente política, como a de fevereiro, mas
uma revolução social.
Como toda revolução social, a de outubro também é uma revolução política, porque inaugura um novo
tipo de regime, quer dizer, mudam totalmente as instituições que governam. Até outubro, governavam os
partidos burgueses e pequeno-burgueses reformistas, apoiando-se no exército burguês em crise. A partir
de outubro, desaparecem o exército e a polida da burguesia e deixam de governar os partidos burgueses e
pequeno-burgueses reformistas. Começa a dirigir o estado uma instituição ultra-demócratica e que
organizava o conjunto dos explorados: os sovietes de operários, camponeses e soldados. À frente destes
novos organismos ou instituições do Estado se coloca o partido bolchevique, que era um partido
revolucionário, internacionalista e também profundamente democrático, onde se discutia tudo através de
tendências, frações ou individualmente, e praticamente nada se votava por unanimidade.
f) A revolução econômico-social:
Cerca de um ano depois da revolução de outubro, se realiza a expropriação da burguesia. Foi uma medida
defensiva do~regime soviético, diante da sabotagem econômica dos donos das empresas industriais.
Embora a expropriação não seja produto de nenhuma mudança no caráter do Estado e do regime político,
que continua sendo o poder da classe operária e do povo (Estado)dirigidos pelos sovietes acaudilhados
pelo partido bolchevique (regime), é a grande revolução, porque transforma repentinamente as relações
sociais de produção. A partir da expropriação e estatização das indústrias, desaparece a burguesia como
classe social e se instaura a economia nacionalizada, planificada e operária.
Esta revolução, a mais importante de todas, embora não se dê na esfera política e sim na econômica, se
denomina revolução econômico-social. É a mudança total do caráter da economia.
g) A guerra civil:
É o enfrentamento final, armado, entre o proletariado e a burguesia. Esta, em unidade com o imperialismo
mundial, tenta fazer uma contra-revolução para reinstalar os burgueses e senhores de terra na propriedade
e no poder do Estado, e é derrotada. Durante meses e meses, se enfrentam um conjunto de exércitos
reacionários, contra-revolucionários, ligados aos diferentes imperialismos e a intervenção de fato de 21
países capitalistas, contra o exército vermelho. A guerra civil é a expressão da luta de classes, com
enfrentamentos entre territórios e exércitos inimigos, que refletem classes diferentes. Só depois da guerra
civil pode-se dizer que surgiu um governo unitário para toda a U.R.S.S.
AS REVOLUÇÕES DEMOCRATICO BURGUESAS
Comecemos com as grandes revoluções democrático-burguesas do século XVIII e XIX. É a época em quea burguesia que é oprimida pelos estados feudais (na Europa) ou pelas metrópoles (nas colônias), utiliza amobilização popular revolucionária contra o feudalismo para impor o seu domínio político e adequar oEstado, suas instituições e suas leis ao seu já desenvolvido domínio econômico. Nessa 6poca, podemosdiferenciar dois tipos de revoluções: a revolução democrático-burguesa contra o estado feudal, a nobreza e
a igreja latifundiária, e a revolução democrático-burguesa em prol da independência nacional das colônias
com relação aos impérios metropolitanos.
A Revolução contra o Estado feudal
O modelo clássico deste primeiro tipo de revolução 6 a revolução francesa de 1789. A burguesia se apóia
na mobilização do povo, derruba o rei, expropria a nobreza e o clero latifundiário, instaura um novo
regime político assentado em instituições democráticas burguesas (a Convenção e a Comuna de Paris) e
modela em seu próprio benefício o estado, eliminando as diferenças de sangue e instaurando como
princípio básico de organização social a propriedade privada e capitalista.
Quem dirige todo esse processo, quando a revolução chega ao ponto culminante, é o partido jacobino. É o
partido da pequena burguesia radicalizada, que não pode fazer um estado à sua imagem e semelhança, isto
é, pequeno burguês, já que quem dominava a economia era a burguesia.
A classe trabalhadora era muito débil para constituir uma alternativa econômica, para impor uma
economia nacionalizada por ela, nem tampouco uma alternativa política.
Setores jacobinos fizeram-se burgueses vendendo provisões ao exército, debilitando assim a direção
pequeno-burguesa. Esta, por sua vez, foi revolucionária enquanto enfrentou a contra-revolução feudal,
mas foi reacionária ao aplicar a repressão sobre a sua esquerda plebéia, esta sim muito mais
revolucionária que os jacobinos. Os jacobinos foram derrotados pela burguesia, que instaurou um regime
contra-revolucionário, capitalista, ditatorial.
A contra-revolução burguesa massacrou o povo revolucionário para implantar um regime estáveL Este
novo regime 6 o bonapartismo. É um regime totalitário, onde um indivíduo, Napoleão Bonaparte, se
coloca acima das classes e setores, arbitrando entre eles, apoiando-se no aparelho estatal e
fundamentalmente no exército. Este regime, que é reacionário em relação à revolução, 6 progressista em
relação à sua época, na medida em que enfrenta a contra-revolução feudal, consolidando e expandindo o
regime burguês no resto da Europa.
A Revolução Antifeudal e de Independência Nacional
Antes da revolução francesa ocorreu, na América do Norte, o segundo tipo de revolução que assinalamos:
a democrático-burguesa e de independência nacional. Nos Estados Unidos, uma grande revolução derrota
o imperialismo colonialista inglês, capitalista, conquista a independência e instaura um regime
democrático-burguês, o primeiro que se constituiu plenamente na história da humanidade, mesmo com a
enorme contradição do escravismo. Em outras palavras, a revolução norte-americana liberta o país do
fardo colonial, instaura um regime de liberdades democráticas burguesas de uma amplitude até então
desconhecida.Mas não liberta os escravos.
Já essa revolução, embora dirigida e controlada pela burguesia norte-americana, apresenta elementos
anticapitalistas: o inimigo que enfrenta não é um império escravista ou feudal, e sim o da potência
capitalista mais poderosa da época - a Inglaterra. Porém não 6 uma revolução anticapitalista, mas uma
revolução burguesa para acabar com a opressão de outra burguesia e poder desenvolver plenamente o
capitalismo.
Similares à francesa são outras revoluções européias que se deram durante todo o século XIX, como a
alemã e a italiana para alcançar a unidade nacional. Similar ao norte-americano é o processo de
independência das colônias centro e sul-americanas, que enfrentam um imperialismo semicapitalista
como o espanhol ou decadente como o português.
O Bismarckismo
Ao longo do século XIX continuaram ocorrendo revoluções democrático-burguesas, como a alemã de
1848. Porém, a burguesia é cada vez menos revolucionária. Ela se atemoriza ante a mobilização popular e
tenta mudar o caráter da sociedade e do estado por vias cada vez mais reformistas, não se apoiando na
mobilização do povo e sim pactuando com as classes feudais essa transformação. Nasce assim, na
Alemanha, um novo regime: ode Bismarck. Esse regime, também como um árbitro individual, faz pactos
entre a burguesia alemã e os príncipes feudais, os "junkers". Faz concessões a um e a outro lado, porém
sempre dentro de uma linha de alcançar uma Alemanha unificada e capitalista. Não busca liquidar física e
politicamente os nobres, como fez a revolução francesa, e sim convertê-los em grandes capitalistas. Para
frear alguns ímpetos exagerados de setores burgueses, o bismarckismo faz concessões e pactos inclusive
com a classe operária e seus partidos, utilizando-os como contrapeso a esses ímpetos. Essa 6 uma
diferença fundamental em relação ao bonapartismo. Enquanto este 6 muito totalitário e não faz
concessões de nenhum tipo aos trabalhadores, o bismarckismo se baseia precisamente nas concessões à
direita e à esquerda para fazer urna transformação reformista da sociedade e do estado.
Cabe esclarecer, por último, que essa transição bismarckista ou reformista, de uma sociedade e um estado
feudais para uma sociedade e um estado capitalista, pode se dar porque tanto os nobres como a burguesia
são classes exploradoras. Um nobre pode se transformar cm burguês, perdendo alguns privilégios de
sangue, porém pode chegar a ser muito mais rico como burguês do que como nobre. Bismarck se
encarregou de convencê-los pacificamente disso, O reformismo não é viável, ao contrário, na passagem da
sociedade capitalista à socialista, porque esta significa a perda de todos os privilégios e de toda a fortuna
para a burguesia, a qual de nenhuma maneira pode aceitá-lo pacificamente.
A Época das Reformas e Reacções
A partir de 1880, abre-se uma época de auge impressionante da economia capitalista. É a época do
surgimento dos monopólios, do imperialismo e do capital financeiro. Esse grande desenvolvimento
enriquece a burguesia e também o conjunto da sociedade. Embora a burguesia não dó nada de presente ao
proletariado, este, através de duras lutas, arranca-lhe conquistas e melhorias consideráveis: a jornada de
oito horas, melhores salários, legalidade para os seus partidos e sindicatos, etc. O proletariado não se vê
diante do dilema de fazer a revolução socialista para não morrer de fome. A burguesia consegue evitar a
explosão de lutas revolucionárias, apaziguando os trabalhadores com essas melhorias e reformas.
A época das revoluções democrático-burguesas contra o feudalismo ficou para trás. Porém, ainda não se
abriu a das revoluções operárias contra o capitalismo. Há uma revolução precursora, anterior até a essa
época reformista, em 1871, quando se dá a primeira revolução operária: a Comuna de Paris, que começa
lutando contra a invasão alemã e termina lutando contra a burguesia, até ser esmagada com métodos
contra-revolucionários pela burguesia francesa.
É uma época em que já o ponto de referência é a luta do proletariado contra a burguesia. Mas essa luta
tem um caráter reformista. O proletariado luta por conquistas parciais e consegue reformas. A burguesia
outorga essas reformas, mas também, em muitas oportunidades, as ataca com métodos reacionários,
repressivos. Essas reações não são contra-revoluções: em geral, não se utiliza contra o movimento
operário métodos de guerra civil, nem se instauram regimes contra-revolucionários assentados nesses
métodos.
Há, nessa época, revoluções e contra-revoluções. Em 1905, na Rússia, explode uma revolução contra o
czar, que não triunfa. Em 1910 se dá a grande revolução mexicana, de tipo camponês, que impõe a
reforma agrária. Em princípios do século XX cai a dinastia chinesa.
Porém, estas revoluções são exceções dentro dessa época, em que predomina a reforma e a reação. São
revoluções que prenunciam a época que virá, a das revoluções proletárias, mas não mudam o caráter
reformista e reacionário dessa época.
Precisamente por esse caráter, durante toda essa época, os regimes burgueses não perdem seu caráter
democrático, que pode ser amplo ou restrito (como o bonapartismo francês). A única exceção entre as
grandes potências é a Rússia, onde existe um regime totalitário, o do czar que se sustenta na nobreza
latifundiária. Embora já combine importantes elementos de estado e regime capitalistas, o regime do czar
continua sendo a contra-revolução feudal.
a igreja latifundiária, e a revolução democrático-burguesa em prol da independência nacional das colônias
com relação aos impérios metropolitanos.
A Revolução contra o Estado feudal
O modelo clássico deste primeiro tipo de revolução 6 a revolução francesa de 1789. A burguesia se apóia
na mobilização do povo, derruba o rei, expropria a nobreza e o clero latifundiário, instaura um novo
regime político assentado em instituições democráticas burguesas (a Convenção e a Comuna de Paris) e
modela em seu próprio benefício o estado, eliminando as diferenças de sangue e instaurando como
princípio básico de organização social a propriedade privada e capitalista.
Quem dirige todo esse processo, quando a revolução chega ao ponto culminante, é o partido jacobino. É o
partido da pequena burguesia radicalizada, que não pode fazer um estado à sua imagem e semelhança, isto
é, pequeno burguês, já que quem dominava a economia era a burguesia.
A classe trabalhadora era muito débil para constituir uma alternativa econômica, para impor uma
economia nacionalizada por ela, nem tampouco uma alternativa política.
Setores jacobinos fizeram-se burgueses vendendo provisões ao exército, debilitando assim a direção
pequeno-burguesa. Esta, por sua vez, foi revolucionária enquanto enfrentou a contra-revolução feudal,
mas foi reacionária ao aplicar a repressão sobre a sua esquerda plebéia, esta sim muito mais
revolucionária que os jacobinos. Os jacobinos foram derrotados pela burguesia, que instaurou um regime
contra-revolucionário, capitalista, ditatorial.
A contra-revolução burguesa massacrou o povo revolucionário para implantar um regime estáveL Este
novo regime 6 o bonapartismo. É um regime totalitário, onde um indivíduo, Napoleão Bonaparte, se
coloca acima das classes e setores, arbitrando entre eles, apoiando-se no aparelho estatal e
fundamentalmente no exército. Este regime, que é reacionário em relação à revolução, 6 progressista em
relação à sua época, na medida em que enfrenta a contra-revolução feudal, consolidando e expandindo o
regime burguês no resto da Europa.
A Revolução Antifeudal e de Independência Nacional
Antes da revolução francesa ocorreu, na América do Norte, o segundo tipo de revolução que assinalamos:
a democrático-burguesa e de independência nacional. Nos Estados Unidos, uma grande revolução derrota
o imperialismo colonialista inglês, capitalista, conquista a independência e instaura um regime
democrático-burguês, o primeiro que se constituiu plenamente na história da humanidade, mesmo com a
enorme contradição do escravismo. Em outras palavras, a revolução norte-americana liberta o país do
fardo colonial, instaura um regime de liberdades democráticas burguesas de uma amplitude até então
desconhecida.Mas não liberta os escravos.
Já essa revolução, embora dirigida e controlada pela burguesia norte-americana, apresenta elementos
anticapitalistas: o inimigo que enfrenta não é um império escravista ou feudal, e sim o da potência
capitalista mais poderosa da época - a Inglaterra. Porém não 6 uma revolução anticapitalista, mas uma
revolução burguesa para acabar com a opressão de outra burguesia e poder desenvolver plenamente o
capitalismo.
Similares à francesa são outras revoluções européias que se deram durante todo o século XIX, como a
alemã e a italiana para alcançar a unidade nacional. Similar ao norte-americano é o processo de
independência das colônias centro e sul-americanas, que enfrentam um imperialismo semicapitalista
como o espanhol ou decadente como o português.
O Bismarckismo
Ao longo do século XIX continuaram ocorrendo revoluções democrático-burguesas, como a alemã de
1848. Porém, a burguesia é cada vez menos revolucionária. Ela se atemoriza ante a mobilização popular e
tenta mudar o caráter da sociedade e do estado por vias cada vez mais reformistas, não se apoiando na
mobilização do povo e sim pactuando com as classes feudais essa transformação. Nasce assim, na
Alemanha, um novo regime: ode Bismarck. Esse regime, também como um árbitro individual, faz pactos
entre a burguesia alemã e os príncipes feudais, os "junkers". Faz concessões a um e a outro lado, porém
sempre dentro de uma linha de alcançar uma Alemanha unificada e capitalista. Não busca liquidar física e
politicamente os nobres, como fez a revolução francesa, e sim convertê-los em grandes capitalistas. Para
frear alguns ímpetos exagerados de setores burgueses, o bismarckismo faz concessões e pactos inclusive
com a classe operária e seus partidos, utilizando-os como contrapeso a esses ímpetos. Essa 6 uma
diferença fundamental em relação ao bonapartismo. Enquanto este 6 muito totalitário e não faz
concessões de nenhum tipo aos trabalhadores, o bismarckismo se baseia precisamente nas concessões à
direita e à esquerda para fazer urna transformação reformista da sociedade e do estado.
Cabe esclarecer, por último, que essa transição bismarckista ou reformista, de uma sociedade e um estado
feudais para uma sociedade e um estado capitalista, pode se dar porque tanto os nobres como a burguesia
são classes exploradoras. Um nobre pode se transformar cm burguês, perdendo alguns privilégios de
sangue, porém pode chegar a ser muito mais rico como burguês do que como nobre. Bismarck se
encarregou de convencê-los pacificamente disso, O reformismo não é viável, ao contrário, na passagem da
sociedade capitalista à socialista, porque esta significa a perda de todos os privilégios e de toda a fortuna
para a burguesia, a qual de nenhuma maneira pode aceitá-lo pacificamente.
A Época das Reformas e Reacções
A partir de 1880, abre-se uma época de auge impressionante da economia capitalista. É a época do
surgimento dos monopólios, do imperialismo e do capital financeiro. Esse grande desenvolvimento
enriquece a burguesia e também o conjunto da sociedade. Embora a burguesia não dó nada de presente ao
proletariado, este, através de duras lutas, arranca-lhe conquistas e melhorias consideráveis: a jornada de
oito horas, melhores salários, legalidade para os seus partidos e sindicatos, etc. O proletariado não se vê
diante do dilema de fazer a revolução socialista para não morrer de fome. A burguesia consegue evitar a
explosão de lutas revolucionárias, apaziguando os trabalhadores com essas melhorias e reformas.
A época das revoluções democrático-burguesas contra o feudalismo ficou para trás. Porém, ainda não se
abriu a das revoluções operárias contra o capitalismo. Há uma revolução precursora, anterior até a essa
época reformista, em 1871, quando se dá a primeira revolução operária: a Comuna de Paris, que começa
lutando contra a invasão alemã e termina lutando contra a burguesia, até ser esmagada com métodos
contra-revolucionários pela burguesia francesa.
É uma época em que já o ponto de referência é a luta do proletariado contra a burguesia. Mas essa luta
tem um caráter reformista. O proletariado luta por conquistas parciais e consegue reformas. A burguesia
outorga essas reformas, mas também, em muitas oportunidades, as ataca com métodos reacionários,
repressivos. Essas reações não são contra-revoluções: em geral, não se utiliza contra o movimento
operário métodos de guerra civil, nem se instauram regimes contra-revolucionários assentados nesses
métodos.
Há, nessa época, revoluções e contra-revoluções. Em 1905, na Rússia, explode uma revolução contra o
czar, que não triunfa. Em 1910 se dá a grande revolução mexicana, de tipo camponês, que impõe a
reforma agrária. Em princípios do século XX cai a dinastia chinesa.
Porém, estas revoluções são exceções dentro dessa época, em que predomina a reforma e a reação. São
revoluções que prenunciam a época que virá, a das revoluções proletárias, mas não mudam o caráter
reformista e reacionário dessa época.
Precisamente por esse caráter, durante toda essa época, os regimes burgueses não perdem seu caráter
democrático, que pode ser amplo ou restrito (como o bonapartismo francês). A única exceção entre as
grandes potências é a Rússia, onde existe um regime totalitário, o do czar que se sustenta na nobreza
latifundiária. Embora já combine importantes elementos de estado e regime capitalistas, o regime do czar
continua sendo a contra-revolução feudal.
A REVOLUÇÃO RUSSA
As etapas da revolução socialista
Toda época tem suas etapas. As etapas são períodos prolongados de tempo em que a relação de forças
entre as classes em luta se mantém constante. O fato de que vivemos uma época revolucionária a nível
mundial desde 1917 não significa que nestes últimos 66 anos sempre tenha estado o proletariado numa
ofensiva revolucionária. Como em toda luta, existem períodos em que o inimigo contra-ataca e retoma a
ofensiva. Neste caso, pode dar-se uma etapa de ofensiva ou contra-ataque contra-revolucionário burguês,
dentro da época da revolução operária e socialista.
Desde a revolução russa passamos por três grandes etapas:
1) A etapa da ofensiva revolucionária da classe operária
Inicia-se com a revolução russa e se estende com sucessivas revoluções: a alemã, a húngara, a chinesa, a
turca, etc. A única que consegue triunfar é a russa (1917-23).
2) A etapa da contra -revoluçt2o burguesa
Insinua-se com o primeiro triunfo contra-revolucionário burguês: o fascismo italiano; consolida-se
claramente com a vitória do hitlerismo na Alemanha, que derrota o proletariado mais organizado do
mundo, e culmina com a derrota da revolução espanhola e com a ofensiva militar do nazismo na segunda
guerra mundial,vitoriosa até 1943 (1923-43).
3) A nova etapa revolucionária
Inicia-se com a derrota do exército nazista em Stalingrado e abre um período de revoluções triunfantes
que se estende até o presente.
A primeira delas é a iugoslava, passa por sua máxima expressão na chinesa e teve sua última vitória (no
sentido de que se expropria a burguesia e se constrói um estado operário), até agora, no Vietnã, em 1974.
Chamamos esta etapa de "revolução iminente", porque, diferente da etapa aberta com a revolução russa,
cujo impacto se resumiu a alguns países da Europa e do Oriente, na presente etapa a revolução eclode e
ocasionalmente triunfa em qualquer parte do globo: nos países semicoloniais ou coloniais (China, Vietnã,
Cuba, Irã, Angola e etc.) Nos próprios países imperialistas (ainda que somente nos mais débeis, como
Portugal) e nos estados operários (Hungria, Polônia).
As etapas e situações mundiais e nacionais
Todos os termos ou categorias que os marxistas utilizam,como época, etapa e situação, são relativos ao
que estamos definindo. Já vimos que pode haver, uma etapa contra-revolucionária dentro de uma época
revolucionária a nível mundial. Porém, a revolução é um fenômeno mundial que se desdobra em
revoluções nacionais.
Disto tiramos que pode haver e há contradições entre a etapa que se vive a nível mundial e as etapas que
atravessam diferentes países.
Por exemplo, nesta etapa de revolução iminente que vivemos a nível mundial desde 1943, muitos países
atravessaram ou atravessam etapas contra-revolucionárias a nível nacional (Indonésia, o Cone Sul latinoamericano,
a URSS, etc) Outros países mantiveram-se em etapas de pouca luta de classes, de equilíbrio na
relação de forças entre o proletariado e a burguesia, quer dizer, etapas não-revolucionárias (quase todos os
países imperialistas e muitos semicoloniais). E outros que já mencionamos, finalmente, que são os que
marcam a dinâmica, o signo da etapa revolucionária, atravessaram etapas revolucionárias que levaram ao
triunfo da revolução, que foi abortada ou congelada, ou que foi derrotada.
Da mesma forma, dentro de uma etapa podemos encontrar diferentes tipos de situações. Uma etapa
revolucionária não pode deixar de sê-lo se a burguesia não derrotar duramente, na luta, nas ruas, o
movimento operário. Por6m, a burguesia, se tiver margem, pode manobrar, pode convencer o movimento
operário que deixe de lutar. Assim se abriria uma situação não-revolucionária, por6m a etapa continuaria
sendo revolucionária, porque o movimento operário não foi derrotado. Inclusive, a burguesia pode
reprimir, sem chegar aos m6todos de guerra civil, o movimento operário e impor derrotas que o fazem
retroceder, abrindo uma situação reacionária, porém continuaria estando dentro da etapa revolucionária.
Por exemplo, o governo de Gil Robles, que ocorreu no meio da revolução espanhola, iniciada em 1931,
foi um governo reacionário que reprimiu duramente o proletariado e criou uma situação reacionária.
Porém, ao não ser derrotado o conjunto do movimento operário espanhol, a etapa continuou sendo
revolucionária. A melhor prova disso 6 que poucos anos depois estourou a guerra civil.
Toda época tem suas etapas. As etapas são períodos prolongados de tempo em que a relação de forças
entre as classes em luta se mantém constante. O fato de que vivemos uma época revolucionária a nível
mundial desde 1917 não significa que nestes últimos 66 anos sempre tenha estado o proletariado numa
ofensiva revolucionária. Como em toda luta, existem períodos em que o inimigo contra-ataca e retoma a
ofensiva. Neste caso, pode dar-se uma etapa de ofensiva ou contra-ataque contra-revolucionário burguês,
dentro da época da revolução operária e socialista.
Desde a revolução russa passamos por três grandes etapas:
1) A etapa da ofensiva revolucionária da classe operária
Inicia-se com a revolução russa e se estende com sucessivas revoluções: a alemã, a húngara, a chinesa, a
turca, etc. A única que consegue triunfar é a russa (1917-23).
2) A etapa da contra -revoluçt2o burguesa
Insinua-se com o primeiro triunfo contra-revolucionário burguês: o fascismo italiano; consolida-se
claramente com a vitória do hitlerismo na Alemanha, que derrota o proletariado mais organizado do
mundo, e culmina com a derrota da revolução espanhola e com a ofensiva militar do nazismo na segunda
guerra mundial,vitoriosa até 1943 (1923-43).
3) A nova etapa revolucionária
Inicia-se com a derrota do exército nazista em Stalingrado e abre um período de revoluções triunfantes
que se estende até o presente.
A primeira delas é a iugoslava, passa por sua máxima expressão na chinesa e teve sua última vitória (no
sentido de que se expropria a burguesia e se constrói um estado operário), até agora, no Vietnã, em 1974.
Chamamos esta etapa de "revolução iminente", porque, diferente da etapa aberta com a revolução russa,
cujo impacto se resumiu a alguns países da Europa e do Oriente, na presente etapa a revolução eclode e
ocasionalmente triunfa em qualquer parte do globo: nos países semicoloniais ou coloniais (China, Vietnã,
Cuba, Irã, Angola e etc.) Nos próprios países imperialistas (ainda que somente nos mais débeis, como
Portugal) e nos estados operários (Hungria, Polônia).
As etapas e situações mundiais e nacionais
Todos os termos ou categorias que os marxistas utilizam,como época, etapa e situação, são relativos ao
que estamos definindo. Já vimos que pode haver, uma etapa contra-revolucionária dentro de uma época
revolucionária a nível mundial. Porém, a revolução é um fenômeno mundial que se desdobra em
revoluções nacionais.
Disto tiramos que pode haver e há contradições entre a etapa que se vive a nível mundial e as etapas que
atravessam diferentes países.
Por exemplo, nesta etapa de revolução iminente que vivemos a nível mundial desde 1943, muitos países
atravessaram ou atravessam etapas contra-revolucionárias a nível nacional (Indonésia, o Cone Sul latinoamericano,
a URSS, etc) Outros países mantiveram-se em etapas de pouca luta de classes, de equilíbrio na
relação de forças entre o proletariado e a burguesia, quer dizer, etapas não-revolucionárias (quase todos os
países imperialistas e muitos semicoloniais). E outros que já mencionamos, finalmente, que são os que
marcam a dinâmica, o signo da etapa revolucionária, atravessaram etapas revolucionárias que levaram ao
triunfo da revolução, que foi abortada ou congelada, ou que foi derrotada.
Da mesma forma, dentro de uma etapa podemos encontrar diferentes tipos de situações. Uma etapa
revolucionária não pode deixar de sê-lo se a burguesia não derrotar duramente, na luta, nas ruas, o
movimento operário. Por6m, a burguesia, se tiver margem, pode manobrar, pode convencer o movimento
operário que deixe de lutar. Assim se abriria uma situação não-revolucionária, por6m a etapa continuaria
sendo revolucionária, porque o movimento operário não foi derrotado. Inclusive, a burguesia pode
reprimir, sem chegar aos m6todos de guerra civil, o movimento operário e impor derrotas que o fazem
retroceder, abrindo uma situação reacionária, porém continuaria estando dentro da etapa revolucionária.
Por exemplo, o governo de Gil Robles, que ocorreu no meio da revolução espanhola, iniciada em 1931,
foi um governo reacionário que reprimiu duramente o proletariado e criou uma situação reacionária.
Porém, ao não ser derrotado o conjunto do movimento operário espanhol, a etapa continuou sendo
revolucionária. A melhor prova disso 6 que poucos anos depois estourou a guerra civil.
AS GRANDES ÉPOCAS REVOLUCIONÁRIAS
Desde que existem as revoluções modernas, que nascem da luta do capitalismo contra o feudalismo,
podemos distinguir três grandes épocas:
1. A época de revolução burguesa
Durante aproximadamente duzentos anos, a burguesia lutou contra o feudalismo que já se tinha tornado
um entrave absoluto para o desenvolvimento das forças produtivas. Esta época, que teve um salto
fundamental na revolução de Cromwell, na Inglaterra, culminou com as grandes revoluções norteamericana
e francesa do final do século XVIII.
2. Reforma e reação (1880-1914)
Foi época do auge do capitalismo. Depois da revolução francesa, podemos dizer que, em todo o mundo, já
começa a ser dominante não só a produção capitalista - que já o ora desde há trezentos anos - mas também
o estado capitalista. Entra-se numa época não revolucionária, em que a estrutura social capitalista e seu
estado não freiam, e sim desenvolvem aceleradamente as forças produtivas, enriquecendo toda a
sociedade.
A partir de 1880 se produz o salto mais fantástico, até então, das forças produtivas.
O desenvolvimento da produção é colossal. Nos países capitalistas avançados se produz una imensa
acumulação de capitais.
Essa época de auge prepara a decad6ncia do sistema capitalista. Como produto dessa tremenda
acumulação de capitais surgem os monopólios e o imperialismo. Ramos inteiros da produção industrial se
concentram em muito poucos proprietários e começam a substituir a burguesia clássica, com centenas de
empresas competindo livremente entre si. Torna-se dominante o capital financeiro, que é a fusão do
capital bancário com o industrial. As fronteiras nacionais ficam estreitas para esses imensos monopólios
que devem, para continuar crescendo, exportar esses capitais aos países atrasados. O imperialismo,
capitalismo em decadência, é precisamente isso: o domínio do capital financeiro e monopolista que
invade todo o planeta.
3. A época da revolução operária e socialista
Começa com a primeira guerra mundial, de 1914-18. Esse cataclismo, no qual milhões de homens
morreram e enormes massas de forças produtivas foram destruídas, foi a manifestação clara de que o
capitalismo tinha começado a frear o desenvolvimento das forças produtivas.
O aparecimento dos monopólios já tinha demonstrado, de forma totalmente deformada que a propriedade
privada capitalista não funcionava mais.
As forças produtivas não podiam continuar crescendo com o caos que provocavam centenas ou milhares
de burgueses competindo entre si num mesmo ramo de produção. Para avançar era necessário introduzir
alguma planificação, pelo menos por ramo de produção. A exportação de capitais, por suave; demonstrava
que as fronteiras nacionais também asfixiavam as forças produtivas, que não podiam avançar mais
limitadas à sua nação de origem e necessitavam desenvolver-se tomando todo o planeta.
A guerra de 1914-18 foi uma guerra de rapina entre os monopólios imperialistas para controlar o mercado
mundial. Foi a demonstração mais clara de que a humanidade não podia avançar mais, não podia mais
desenvolver suas forças produtivas se não rompesse a camisa de força da propriedade privada e as
fronteiras nacionais e instaurasse uma economia mundial planificada. Porém a burguesia não podia fazer
isso porque significaria destruir-se a si mesma, terminando como que a caracteriza como classe social: ser
proprietária dos bens de produção e basear-se na exist6ncia de nações com fronteiras e estados bens
definidos.
Esta época é a da revolução operária e socialista, porque a guerra (que se converterá num fenômeno
permanente) e a miséria das massas (provocada pelo freio ao desenvolvimento das forças produtivas)
fazem entrar em ação revolucionária a nova classe progressiva, a classe operária, que faz uma primeira
revolução na Rússia cm 1917 Põe-se cm ação a classe social que pode cumprir com as grandes tarefas
imprescindíveis para que as forças produtivas continuem avançando: terminar com a propriedade privada
e as fronteiras nacionais para poder instaurar uma economia mundial planificada. Isto é assim porque a
classe operária é internacional, é igual de um país a outro, e porque não pode transformar-se em uma nova
classe proprietária que explore outras, por uma razão: junto com os demais setores explorados é a ampla
maioria da sociedade.
Em ambos os aspectos é totalmente diferente das classes anteriores que cumpriram um papel
revolucionário em sua época. A burguesia, por exemplo, era uma classe proprietária e exploradora desde
que nasceu. A revolução operária e socialista é, pela primeira vez na história, a revolução da maioria da
população, dirigida por uma classe internacional, contra a exploração capitalista e contra toda exploração.
Precisamente por uso pode conquistar a economia planificada mundial.
A partir da revolução russa de 1917 e até o presente estamos, pois, na época da revolução socialista,
operária e internacional contra o sistema social e o estado capitalista.
podemos distinguir três grandes épocas:
1. A época de revolução burguesa
Durante aproximadamente duzentos anos, a burguesia lutou contra o feudalismo que já se tinha tornado
um entrave absoluto para o desenvolvimento das forças produtivas. Esta época, que teve um salto
fundamental na revolução de Cromwell, na Inglaterra, culminou com as grandes revoluções norteamericana
e francesa do final do século XVIII.
2. Reforma e reação (1880-1914)
Foi época do auge do capitalismo. Depois da revolução francesa, podemos dizer que, em todo o mundo, já
começa a ser dominante não só a produção capitalista - que já o ora desde há trezentos anos - mas também
o estado capitalista. Entra-se numa época não revolucionária, em que a estrutura social capitalista e seu
estado não freiam, e sim desenvolvem aceleradamente as forças produtivas, enriquecendo toda a
sociedade.
A partir de 1880 se produz o salto mais fantástico, até então, das forças produtivas.
O desenvolvimento da produção é colossal. Nos países capitalistas avançados se produz una imensa
acumulação de capitais.
Essa época de auge prepara a decad6ncia do sistema capitalista. Como produto dessa tremenda
acumulação de capitais surgem os monopólios e o imperialismo. Ramos inteiros da produção industrial se
concentram em muito poucos proprietários e começam a substituir a burguesia clássica, com centenas de
empresas competindo livremente entre si. Torna-se dominante o capital financeiro, que é a fusão do
capital bancário com o industrial. As fronteiras nacionais ficam estreitas para esses imensos monopólios
que devem, para continuar crescendo, exportar esses capitais aos países atrasados. O imperialismo,
capitalismo em decadência, é precisamente isso: o domínio do capital financeiro e monopolista que
invade todo o planeta.
3. A época da revolução operária e socialista
Começa com a primeira guerra mundial, de 1914-18. Esse cataclismo, no qual milhões de homens
morreram e enormes massas de forças produtivas foram destruídas, foi a manifestação clara de que o
capitalismo tinha começado a frear o desenvolvimento das forças produtivas.
O aparecimento dos monopólios já tinha demonstrado, de forma totalmente deformada que a propriedade
privada capitalista não funcionava mais.
As forças produtivas não podiam continuar crescendo com o caos que provocavam centenas ou milhares
de burgueses competindo entre si num mesmo ramo de produção. Para avançar era necessário introduzir
alguma planificação, pelo menos por ramo de produção. A exportação de capitais, por suave; demonstrava
que as fronteiras nacionais também asfixiavam as forças produtivas, que não podiam avançar mais
limitadas à sua nação de origem e necessitavam desenvolver-se tomando todo o planeta.
A guerra de 1914-18 foi uma guerra de rapina entre os monopólios imperialistas para controlar o mercado
mundial. Foi a demonstração mais clara de que a humanidade não podia avançar mais, não podia mais
desenvolver suas forças produtivas se não rompesse a camisa de força da propriedade privada e as
fronteiras nacionais e instaurasse uma economia mundial planificada. Porém a burguesia não podia fazer
isso porque significaria destruir-se a si mesma, terminando como que a caracteriza como classe social: ser
proprietária dos bens de produção e basear-se na exist6ncia de nações com fronteiras e estados bens
definidos.
Esta época é a da revolução operária e socialista, porque a guerra (que se converterá num fenômeno
permanente) e a miséria das massas (provocada pelo freio ao desenvolvimento das forças produtivas)
fazem entrar em ação revolucionária a nova classe progressiva, a classe operária, que faz uma primeira
revolução na Rússia cm 1917 Põe-se cm ação a classe social que pode cumprir com as grandes tarefas
imprescindíveis para que as forças produtivas continuem avançando: terminar com a propriedade privada
e as fronteiras nacionais para poder instaurar uma economia mundial planificada. Isto é assim porque a
classe operária é internacional, é igual de um país a outro, e porque não pode transformar-se em uma nova
classe proprietária que explore outras, por uma razão: junto com os demais setores explorados é a ampla
maioria da sociedade.
Em ambos os aspectos é totalmente diferente das classes anteriores que cumpriram um papel
revolucionário em sua época. A burguesia, por exemplo, era uma classe proprietária e exploradora desde
que nasceu. A revolução operária e socialista é, pela primeira vez na história, a revolução da maioria da
população, dirigida por uma classe internacional, contra a exploração capitalista e contra toda exploração.
Precisamente por uso pode conquistar a economia planificada mundial.
A partir da revolução russa de 1917 e até o presente estamos, pois, na época da revolução socialista,
operária e internacional contra o sistema social e o estado capitalista.
AS REVOLUÇÕES DO SÉCULO XX
As Épocas e Etapas da Luta de Classes
Quando se produzem as revoluções sociais? Por que ocorrem essas mudanças bruscas, abruptas e
violentas, geralmente sangrentas, nas classes sociais e no estado?
Como vimos, a lei fundamental que move a espécie humana é o desenvolvimento das forças produtivas,
isto é, o avanço da capacidade humana de explorar, cada vez mais e melhor, a natureza, através das
ferramentas e da tecnologia, melhorando continuamente as condições de vida da humanidade. Nesse
avanço vão acontecendo revoluções, com a descoberta ou invenção de novas ferramentas e técnicas, que
permitem explorar mais facilmente as matérias primas oferecidas pela natureza e, inclusive, permitem que
certos recursos naturais que não eram usados como matéria-prima para a produção, passem a sê-lo (por
exemplo o urânio, que antes das descobertas da física e da tecnologia nuclear não servia para produzir
nada).
Esse desenvolvimento das forças produtivas, quando chega a um determinado ponto, choca-se com a
estrutura social existente, ou seja, com as classes em que a sociedade está dividida nesse momento e com
as relações entre elas. Choca-se também com a superestrutura dessa sociedade, com o estado que se
encarrega de manter igual à estrutura de classes, mantendo o domínio e a opressão da classe exploradora
sobre a classe exploradora. Um bom exemplo disso é o desenvolvimento da produção capitalista nas
cidades independentes na sociedade feudal. Enquanto a produção permanece limitada, a estrutura social
feudal não impede que as relações de produção capitalistas se desenvolvam. Mas quando se desenvolve a
manufatura, que já é capaz de produzir numa escala relativamente ampla, a estrutura feudal torna-se um
entrave para a produção continuar se desenvolvendo. Uma força produtiva - a manufatura - capaz de
produzir muito mais que a oficina artesanal, precisa de um mercado amplo para vender essa produção.
Mas a estrutura dos feudos - pequenas unidades que consomem pouco e onde o senhor feudal estabelece
uma alfândega e cobra impostos de quem vier vender em seu feudo - choca-se violentamente com essa
força produtiva. Por isso, a unidade nacional, isto 6, construir uma nação sem alfândegas internas, um
grande mercado livre de entraves - será um dos grandes objetivos do capitalismo.
Para conseguir isso, precisa destruir a classe feudal. E para isso precisa destruir o catado feudal e,
fundamentalmente, os exércitos feudais que defendem, com armas, essa classe.
Também precisa destruir a velha classe oprimida, os servos. A produção capitalista precisa de
trabalhadores livres, que produzem em troca de um salário e se desloquem para onde os capitalistas
precisem. Se hoje eles ganham muito dinheiro fabricando chapéus, precisam de operários para fazer
chapéus, mas se amanhã ganharem mais dinheiro produzindo canos, precisam que os operários se
desloquem para a fábrica de carros. Um servo, atado à terra, que não pode sair dela, não serve para essa
produção e, também, não serve como consumidor, ou seja, para ampliar qualitativamente o mercado. Por
isso, outro grande objetivo da burguesia foi abolir a servidão. Mas, para isso, precisam liquidar os
senhores feudais e o estado que os defendia.
Assim, para poder avançar na produção capitalista, que era um enorme salto revolucionário no
desenvolvimento das forças produtivas, em comparação à produção feudal, a nova classe progressiva, a
burguesia, precisava destruir as classes e as relações fundamentais da sociedade, e impor como base da
sociedade as novas classes com suas novas relações: a burguesia e o proletariado. Se não tivessem
conseguido tal coisa, as forças produtivas da humanidade teriam parado, estancado, porque nunca se
chegaria à grande indústria se não houvesse um grande mercado nacional e uma enorme massa de
trabalhadores livres para servir como mão-de-obra.
Quando se produz esse choque entre o desenvolvimento das forças produtivas e a velha estrutura social,
abre-se para a humanidade uma época revolucionária. É uma época de grandes convulsões, na qual as
novas classes progressistas lutam contra a velha classe exploradora que já não serve para nada e que freia
todo o desenvolvimento. (Na história nem sempre ocorrem essas épocas revolucionárias. Houve
sociedades, como o mundo antigo ou escravista, que frearam o desenvolvimento das forças produtivas
mas não foram revolucionadas por classes mais avançadas. Nesses casos, o velho sistema decai, degenera,
e toda a sociedade retrocede.)
Entre grandes épocas revolucionárias há épocas que não são revolucionárias. Enquanto a estrutura de
classes e sua superestrutura estatal permitem o desenvolvimento das forças produtivas - mesmo havendo
contradições - a sociedade vive uma época não revolucionária, de equilíbrio reformista.
Sob o sistema capitalista, por exemplo, deram-se grandes saltos ou revoluções nas forças produtivas.
Passou-se, por exemplo, da energia hidráulica para mover as máquinas, ou do vento para mover as
embarcações, ou dos cavalos para mover os carros, ao vapor, à energia elétrica, aos motores a explosão.
Mas esses avanços nas forças produtivas não se chocavam com a estrutura social e o estado capitalista.
Pelo contrário, o capitalismo os incorporava instantaneamente e os levava asca máximo desenvolvimento
e aplicação. Era uma época de auge da sociedade capitalista, de harmonia entre o desenvolvimento das
forças produtivas e a estrutura social e seu estado.
Quando se entra numa época revolucionária, em geral, a solução da contradição começa pela
superestrutura, pelo estado. A nova classe progressiva luta para destruir o aparato de poder e de governo
da velha classe que já é regressiva. Se não lhe tomar o poder não pode mudar totalmente a estrutura social
anterior. Se a burguesia não destruísse, primeiro, os exércitos feudais e todo o aparato feudal, não podia
impor a unidade (o mercado) nacional, nem libertar os servos para se tornarem operários.
Só depois de destruir ø estado feudal,tomar o poder e construir seu próprio estado, com seu próprio
exército, suas próprias instituições de governo e suas próprias reis, 6 que a burguesia pôde libertar os
servos, abolir as alfândegas internas, eliminar a forma feudal de propriedade da terra e transformá-la em
capitalista, etc. Ou seja, só depois de conquistar a superestrutura, o estado, é que a burguesia pôde levar
até o fim o seu objetivo de transformar toda a sociedade numa sociedade capitalista
Quando se produzem as revoluções sociais? Por que ocorrem essas mudanças bruscas, abruptas e
violentas, geralmente sangrentas, nas classes sociais e no estado?
Como vimos, a lei fundamental que move a espécie humana é o desenvolvimento das forças produtivas,
isto é, o avanço da capacidade humana de explorar, cada vez mais e melhor, a natureza, através das
ferramentas e da tecnologia, melhorando continuamente as condições de vida da humanidade. Nesse
avanço vão acontecendo revoluções, com a descoberta ou invenção de novas ferramentas e técnicas, que
permitem explorar mais facilmente as matérias primas oferecidas pela natureza e, inclusive, permitem que
certos recursos naturais que não eram usados como matéria-prima para a produção, passem a sê-lo (por
exemplo o urânio, que antes das descobertas da física e da tecnologia nuclear não servia para produzir
nada).
Esse desenvolvimento das forças produtivas, quando chega a um determinado ponto, choca-se com a
estrutura social existente, ou seja, com as classes em que a sociedade está dividida nesse momento e com
as relações entre elas. Choca-se também com a superestrutura dessa sociedade, com o estado que se
encarrega de manter igual à estrutura de classes, mantendo o domínio e a opressão da classe exploradora
sobre a classe exploradora. Um bom exemplo disso é o desenvolvimento da produção capitalista nas
cidades independentes na sociedade feudal. Enquanto a produção permanece limitada, a estrutura social
feudal não impede que as relações de produção capitalistas se desenvolvam. Mas quando se desenvolve a
manufatura, que já é capaz de produzir numa escala relativamente ampla, a estrutura feudal torna-se um
entrave para a produção continuar se desenvolvendo. Uma força produtiva - a manufatura - capaz de
produzir muito mais que a oficina artesanal, precisa de um mercado amplo para vender essa produção.
Mas a estrutura dos feudos - pequenas unidades que consomem pouco e onde o senhor feudal estabelece
uma alfândega e cobra impostos de quem vier vender em seu feudo - choca-se violentamente com essa
força produtiva. Por isso, a unidade nacional, isto 6, construir uma nação sem alfândegas internas, um
grande mercado livre de entraves - será um dos grandes objetivos do capitalismo.
Para conseguir isso, precisa destruir a classe feudal. E para isso precisa destruir o catado feudal e,
fundamentalmente, os exércitos feudais que defendem, com armas, essa classe.
Também precisa destruir a velha classe oprimida, os servos. A produção capitalista precisa de
trabalhadores livres, que produzem em troca de um salário e se desloquem para onde os capitalistas
precisem. Se hoje eles ganham muito dinheiro fabricando chapéus, precisam de operários para fazer
chapéus, mas se amanhã ganharem mais dinheiro produzindo canos, precisam que os operários se
desloquem para a fábrica de carros. Um servo, atado à terra, que não pode sair dela, não serve para essa
produção e, também, não serve como consumidor, ou seja, para ampliar qualitativamente o mercado. Por
isso, outro grande objetivo da burguesia foi abolir a servidão. Mas, para isso, precisam liquidar os
senhores feudais e o estado que os defendia.
Assim, para poder avançar na produção capitalista, que era um enorme salto revolucionário no
desenvolvimento das forças produtivas, em comparação à produção feudal, a nova classe progressiva, a
burguesia, precisava destruir as classes e as relações fundamentais da sociedade, e impor como base da
sociedade as novas classes com suas novas relações: a burguesia e o proletariado. Se não tivessem
conseguido tal coisa, as forças produtivas da humanidade teriam parado, estancado, porque nunca se
chegaria à grande indústria se não houvesse um grande mercado nacional e uma enorme massa de
trabalhadores livres para servir como mão-de-obra.
Quando se produz esse choque entre o desenvolvimento das forças produtivas e a velha estrutura social,
abre-se para a humanidade uma época revolucionária. É uma época de grandes convulsões, na qual as
novas classes progressistas lutam contra a velha classe exploradora que já não serve para nada e que freia
todo o desenvolvimento. (Na história nem sempre ocorrem essas épocas revolucionárias. Houve
sociedades, como o mundo antigo ou escravista, que frearam o desenvolvimento das forças produtivas
mas não foram revolucionadas por classes mais avançadas. Nesses casos, o velho sistema decai, degenera,
e toda a sociedade retrocede.)
Entre grandes épocas revolucionárias há épocas que não são revolucionárias. Enquanto a estrutura de
classes e sua superestrutura estatal permitem o desenvolvimento das forças produtivas - mesmo havendo
contradições - a sociedade vive uma época não revolucionária, de equilíbrio reformista.
Sob o sistema capitalista, por exemplo, deram-se grandes saltos ou revoluções nas forças produtivas.
Passou-se, por exemplo, da energia hidráulica para mover as máquinas, ou do vento para mover as
embarcações, ou dos cavalos para mover os carros, ao vapor, à energia elétrica, aos motores a explosão.
Mas esses avanços nas forças produtivas não se chocavam com a estrutura social e o estado capitalista.
Pelo contrário, o capitalismo os incorporava instantaneamente e os levava asca máximo desenvolvimento
e aplicação. Era uma época de auge da sociedade capitalista, de harmonia entre o desenvolvimento das
forças produtivas e a estrutura social e seu estado.
Quando se entra numa época revolucionária, em geral, a solução da contradição começa pela
superestrutura, pelo estado. A nova classe progressiva luta para destruir o aparato de poder e de governo
da velha classe que já é regressiva. Se não lhe tomar o poder não pode mudar totalmente a estrutura social
anterior. Se a burguesia não destruísse, primeiro, os exércitos feudais e todo o aparato feudal, não podia
impor a unidade (o mercado) nacional, nem libertar os servos para se tornarem operários.
Só depois de destruir ø estado feudal,tomar o poder e construir seu próprio estado, com seu próprio
exército, suas próprias instituições de governo e suas próprias reis, 6 que a burguesia pôde libertar os
servos, abolir as alfândegas internas, eliminar a forma feudal de propriedade da terra e transformá-la em
capitalista, etc. Ou seja, só depois de conquistar a superestrutura, o estado, é que a burguesia pôde levar
até o fim o seu objetivo de transformar toda a sociedade numa sociedade capitalista
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